Frei Dimão exorta Kathie ao recolhimento

Onde anda tua castidade,

a perambular p'lo Recanto

por quê não ouves o frade

que ministra o remédio santo?

Por Roma perambulei

também fui à Terra Santa

e mal aqui retornei

vejo pecado que espanta

Acendo agora uma vela

da mais pura espermacete

vem rezar doce donzela

matinas antes das sete

Tenho também u'as batinas

que se acham muito surradas

vê se delas eliminas

as manchas já engomadas

Entrego-te as ciroulas também

com marcas da intimidade

e se as lavares, porém

tens indulgência à castidade

Enquanto a lavagem espero

me guardo como santo guru

só co'o cajado, que venero

porém em completo nu

Levar-te-ei à clausura

para que cumpras peni(s)tência

se a vida lá achares dura

é pro bem de tua inocência

Este mundo está uma vergonha

bem o disse Bóris Casoy

por isso toda fé ponha

contra o pecado que te rói

Proíbo-te ver novelas

bem como namoro de portão

reforce tuas taramelas

que a tara vem de montão

No fundo da sacristia

pra ti tenho bela surpresa

uma carta de alforria

se minha vela manténs acesa

E te exaltarei nas alturas

minha virgem divinal

se em meu cajado seguras

pela entranha celestial

Mal desperta, esperta, Kathie não se aperta, e dá a resposta certa:

Sempre fui pura e casta//

Ando pelo RL salvando almas//

E quanto ao teu sermão, basta//

Que o teu falar não me acalma//

Fiquei lá na quadra da Mangueira//

Assanhando os passistas//

E de quebra, rebolei a noite inteira//

E trouxe Dom Orani pra pista//

Vamos as rezas, meu idolatrado Dimão//

Acenderemos essa vela de esparmacete//

Sou fervorosa e rezo nessa comBustão!//

Mas não esqueças de usar teu capaCete!//

Tuas batinas são um primor//

Lavadas pelas minhas mãos//E

se puder, faça-me o favor//

De não soltar mais tantos balões//

Ve se acaba co' esse teu vício//

De derramar leite nas ceroulas//

Ou te interno no hospício//

Bem antes das sete, ve se me poupa//

Coloca já a tua veste, anda!//

Tá ficando gagá, meu pobre frei?//

E se eu te observar com olho de panda?//

Excitada, não mais servirei na tua grei//L

eva-me então, meu frei santinho//

Dá-me esse castigo, eu aceito//

Mas à noite não mostre teu pintinho//

Que do poleiro, vem pro meu leito//

O pecado me acompanha//

Eu, a santa que te dedico atenção//

Confessarei meus pecados: Me banha?//

Que da fé levo tua unção//

É que gosto do Tarcísio Meira//

Morro de emoção vendo os beijos//

E depois me dá até coceira//

E procuro o frei pra secar meu queixo//

A chama da tua vela é o meu ofício//

Rezo contrita e de joelhos//

Mas não confunda os orif(í)cios//

E nem deixe preso a os meus artelhos//

Então dê-me logo esse cajado//

Que o lustrarei como ninguém//

E depois vamos dançar xaxado//

E chamar o Araquém!//

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 18/11/2014
Reeditado em 18/11/2014
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