MOTE

VOCÊ ERA A MINHA AMADA,

DONA DO MEU CORAÇÃO.

Você era em minha vida

Tudo aquilo que sonhei,

A mulher que desejei

Para ser minha querida;

A presença mais sentida,

Alvo da minha atenção,

Era a minha inspiração

Pra cantar qualquer toada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Diversos poemas fiz

Pra seu olhar fascinante,

Fui o seu pequeno Dante,

Você, minha Beatriz;

Só para vê-la feliz

Manchei a lei da razão,

Porque lhe tinha afeição

De maneira exagerada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Você era a luz fulgente

Das minhas noites escura,

A mais linda das molduras

Posando na minha frente;

Recordo você contente

Ao meu lado no colchão

Ardente que nem vulcão

Na frienta madrugada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Fartos os nossos desejos

Para a lida eu me afastava,

À tarde quando eu voltava

Sequioso dos seus beijos,

Você vinha com gracejos

Correndo para o portão,

Pegava na minha mão

Sorridente, apaixonada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Regada pelo perfume

Do amor que a gente tinha

Nasceu a planta daninha

Que muitos chamam ciúme,

Frutificando queixume,

Desconfiança e tensão,

Temendo a separação

Eu tinha a boca fechada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

O ciúme bradou tanto

Que o amor não suportando

Fugiu de casa deixando

Um suspiro em cada canto;

Partiu derramando pranto

Na maior desolação;

Você fez rebelião,

Ganhou flores, deu espada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Você levou ao calvário

Os nossos melhores dias,

Você não tem alegrias,

Eu não tenho itinerário,

Poeta visionário

Das noites de solidão

Colhendo recordação

Da nossa vida passada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

São nossos dias sem calmas

Dignos de misericórdia,

Pois a chama da discórdia

Incendiou nossas almas;

Inimigos batem palmas

Pra nossa desunião;

Só escuto gozação

Motejo, troça e piada;

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.

Você não terá jamais

Os amores que lhe dei,

Sei também que não terei

Seus carinhos nunca mais;

Sofremos dores iguais

Na maior desolação,

Dores que aumentarão

A cada passo da estrada;

Você era a minha amada

Dona do meu coração.

Amanhã você talvez

Cruzará o meu caminho

Lembrará o meu carinho

Que tanto lhe satisfez;

Eu pela última vez

Pegarei na sua mão

Direi nesta ocasião:

Entre nós não há mais nada!

Você era a minha amada,

Dona do meu coração.