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O REACIONÁRIO
 


Sendo um menestrel ruim,
apenas bardo de quinta,
com meus versos marruás,
jogo fora um mar de tinta,
borrando muitos papéis
– só repentista me finta.
 

Já não gasto meus latins
com papo que seja à toa.
Antes, até sem razão,
entrava em qualquer canoa.
Hoje, sou quase cordato,
que mau combate me enjoa.
 

E aceito um conservador,
não tolero o reacionário.
O primeiro a gente muda,
mas, o segundo, ordinário,
não vale o que o gato enterra,
pois é pulha e salafrário.
 

Do seu fascismo um arauto,
nem dó merece um r e a ça.
O gajo, todo ruindade,
tem veneno na carcaça:
só é no sótão o atraso
e, se protesta, a desgraça.
 

Por isso, ainda me doa,
prefiro um conservador.
Em geral, não é fascista;
carece de professor,
enquanto o reacionário,
sem prestar, é um horror.
 

Fort., 16/11/2014
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 16/11/2014
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