CORDEL – Mote – Pela estrada do meu lar - A fé sempre foi na frente – 31.10.2014
 
Prezados leitores. Quando eu era rapazinho frequentava  “O Centro Espírita Apóstolos  de Cristo”, que se situava no bairro da Encruzilhada, Recife, Pernambuco, onde participava das reuniões não mediúnicas, porquanto era bem novo, assim como dava aulas à noite de História do Brasil, a título gratuito, claro. Durante a semana eu trabalhava de marceneiro no Orfanato Ceci Costa, onde ganhava a grana para ir ao cinema e comprar algo para mim, porquanto recebendo cinquenta mil réis por semana julgava meu pai que era muito dinheiro para uma criança, e o recebia em meu lugar. O pai sempre sabe o que faz com seus filhos. Só tenho a agradecer  a Deus pelo pai lindo e honesto que tive, o qual, junto com a minha mãe puderam os dois me dar a educação que até hoje carrego com muito orgulho deles.
 
Ao me lembrar dessa história verdadeira, evidente, me veio a vontade de fazer esse arremedo de cordel. Meu abraço a todos.
 
 
 
CORDEL – Mote – Pela estrada do meu lar – A fé sempre foi na frente – 31.10.2014
 
 
Andei por muito caminho
Quase todos pedregulho
Mas nunca estive sozinho
Sempre com Deus meu orgulho
Toda vez ao caminhar
Tinha certeza iminente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(2)
Eu comi gato e sapato
Aguentava sofrimento
Mas tudo no anonimato
Mesmo assim eu não lamento
Quem perde sabe ganhar
Não pode ser exigente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(3)
Por vezes minha sacola
Carregava tão vazia
Claro que falo de esmola
Meu coração se partia
Não me deixava levar
Mesmo como adolescente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(4)
Mas quando tomava um não
Logo baixava a cabeça
Muitos pobres, muito chão,
Que disso ninguém se esqueça
Nada de desanimar
Tem de ser bem resistente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(5)
Cada óbolo que entrava
Mexia com meu sorriso
Gente pobre sempre dava
Adular não ser preciso
Nunca se deve abalar
Ali naquele ambiente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(6)
Mas o garoto do asilo
Sempre de sobreaviso
Nessa campanha do quilo
Nunca ficava indeciso
No domingo a esperar
A turma toda contente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(7)
Todos órfãos os meninos
Que moravam no orfanato
Quando tocavam os sinos
Uma festa, que barato,
Todos eles a cantar
Com alegria patente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(8)
Os obreiros a chegar
De sacola abarrotada
Só mesmo Deus pra pagar
Em nome da meninada
Podiam se acomodar
Com sua fome aparente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(9)
De felizes se abraçavam
Comemorando a vitória
E de alegria choravam
Por Deus nossa grande glória
No momento de rezar
Oração bem comovente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(10)
O diretor lá da casa (*)
Um velhinho só do bem
Com seu coração em brasa
Era espírito do além
Faço força pra lembrar
Ele nunca foi ausente,
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(11)
O Orfanato Ceci Costa
Por Deus muito abençoado
E sempre dava a resposta
Todo mundo bem ligado
Cada qual a trabalhar
Ali duro no batente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(12)
E nas suas oficinas
Fabricava pras escolas
E todos na disciplina
Tinham sempre na cachola
O Deus do amor pra louvar
Nosso Pai Onipotente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(13)
Nesse tempo que não volta
Ensino tinha valor
Agora a coisa está torta
Uma desgraça, um horror,
Educação de lascar
O problema é contundente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(14)
As verbas são desviadas
Não há qualquer punição
As Leis desmoralizadas
Ao longo desta nação
Todos só querem gastar
Num conluio intransigente
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente
(15)
Era também marceneiro
Com muita satisfação
Pobre, mas grande guerreiro,
Mas também era cristão
Tinha Deus para abrandar
No corpo, na alma e na mente,
Pela estrada do meu lar
A fé sempre foi na frente...
 
 
 (*) Professor José Barros Lins.
 

A foto é do atual Instituto Allan Kardec e Lar Ceci Costa, antigo orfanato de que trata esse cordel.
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Ansilgus
 
11/11/14 - Jacó Filho compareceu assim para abrilhantar:

Quem tem fé nunca anda só,
A fraternidade não permite...
Quando ao próximo, assiste,
Subirá na escada de Jacó...
E nada conseguirá abalar,
A índole do ser penitente...
Pela estrada do meu lar,
A fé sempre foi na frente...

 Parabéns! E que Deus nos abençoe e nos
ilumine... Sempre...

 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 11/11/2014
Reeditado em 11/11/2014
Código do texto: T5030782
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