Primeiras impressões

Da primeira vez que olhamos

Alguém que não se conhece

De imediato sacamos

Desse baú que se esquece

Lá no fundo e procuramos

Porém nem conta nos damos

Quão rápido isso acontece

Vamos buscar nos arquivos

Já sem nomes em suas pastas

Vocês sabem meus amigos

O tempo a tudo desgasta

Não seria diferente

Com os anais da nossa mente

Que mofa, esquece ou embaça

Vem tudo codificado

Em cotas de referências

Semiprontos ou acabados

Gostos, jeitos, conveniências...

Sentimentos acumulados

Bons e maus microbocados

De nossas experiências

Junto com esses pacotes

Vêm seus rótulos colados

Com o ponteiro da impressão

Sem estar bem sintonizado

E a cada sinal que vemos

Contatamos o que temos

Para o perfil ser formado

Cada trejeito, um carimbo

Cada gesto, uma sacada

Tudo isso disfarçando

Pra não demonstrarmos nada

Porque o segredo do olho

É por as barbas de molho

E manter boca fechada

Um filtro ali outro cá

No que a gente vai dizendo

Fita métrica esticando

Nas conclusões que vai tendo

Porque mais do que ninguém

Se já erramos com alguém

Serviu pra ir aprendendo

Nas primeiras impressões

Tudo é ainda mais provisório

Pois qualquer decepção

Não é assim pra velório

Quem sabe presta atenção

Segurando o freio de mão

Porque tudo é compulsório

Mas se o caso é de paixão

Embolando o meio de campo

Numa apresentação

E naquela confusão

Ninguém segura o que rola

Que fazer, deixa rolar

Que o momento é agora