PELEJA NA FEIRA (VIII)

MOTE: O universo da feira

Cantador nenhum não canta

Poeta, siga em frente

No embalo do meu pinho

Vamos cortar o caminho

Entrando noutra vertente

E para ser coerente

Meu poetar se levanta

Com um ronco na garganta

Que estremece a ribeira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta.

Na cadência de um martelo

Ou na marcha da sextilha

No quadrão, em qualquer trilha

Eu seguro esse duelo

Se você brincar eu melo

A sua fama que espanta

Pois meu cartaz se agiganta

Desrespeitando fronteira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta.

Na feira tem poesia

E um festival de cheiro

O ceguinho no pandeiro

Multidão e carestia

Tudo isso é alquimia

Que no cérebro se implanta

Faz mixagem e a Musa canta

Com imagens de primeira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta.

O pião na feira roda

Galo canta e a gata mia

Se ouve o chiar da jia

O camelô cria moda

A difusora incomoda

Com um ruído que espanta

Rato, peba e salamanta

São chamariz de primeira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta

Feira quando é mesmo boa

De Natal ou ano novo

Grana no bolso do povo

Nesse dia a “paia avoa”

Sem faltar uma pessoa

A cidade se levanta

Barraqueiro vende “fanta”

Como água em cachoeira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta

Quando eu era pequenino

Botava o banco de Joana

Minha vó em Itabaiana

Junto com ave e caprino

Ela vendia com tino

O café, almoço e janta

No “hotel” daquela santa

Era grande a fumaceira

O universo da feira

Cantador nenhum não canta.

F. Mozart

www.fabiomozart.blogspot.com

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 27/10/2014
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