Frei Dimão convoca Kathie à sua cela

Hoje, se matinas suspendo

é que minhas surradas batinas

carecem um bom remendo,

e não sejas nada traquinas...

A minha sacra bênção

da cela vou derramar

e não é aquilo que pensam

com minha vela a crepitar

Abandona a tua clausura

para vir recebê-la

a alvorada já é brancura

já se foi a última estrela

Atende meu veemente apelo

para o teu alegre despertar

em seguida molha teu grelo

pra graça melhor deslizar

Para estar em plena pureza

e dar à alma um sossego

a nossa melhor certeza

é um mergulho, nus, e no rego

O Pai que tudo observa

das mais sumas alturas

anda de olho nesta serva

dela esperando vestes mais puras

Dá, pois, adeus ao decote

bem como a mangas cavadas

e nada de usar saiote

se queres graças derramadas

Rega em seguida o jardim

onde jazem divinas delícias

em seguida sussurra pra mim

se visses nele impudicícias

Cuida bem das trepadeiras

como do mais saliente antúrio

não pense que são besteiras

senão arriscas perjúrio

Mantém teus pés descalços

em sinal de modesta humildade

podófilos, há veros e falsos

zanzando pela cidade

Da volúpia e da luxúria

pede ao senhor que te cure

trar-te-ei um vinho da cúria

mas jamais tome o do Facuri

Quanto à tua virginal fenda

mantém-na em castidade

e poderás virar uma lenda

para toda a eternidade

E de nossa junção carnal

colherás o divino fruto

livre do pecado original

o mais casto, bendito fruto

Entrega-me, pois tua fulva

que é como um favo de mel

tua doce e nutriente ulva

portaberta pra entar no céu

De Monay, fulva como uma ulva, acede às rogações do Frei:

Remendarei o rasgo da tua bunda//

Suas batinas comprei-as outro dia//

Mas ficas soltando puns e afunda-a//

Pare já com essa tua rebeldia!//

Dá-me tua bênção, então//

Faz da sua santa a mais pura//

Mas antes tocaremos violão//

Para de fato dar-me a cura//

Receberei tua santa bênção//

E por mais que penses ao contrário//

Sou a santa do teu perdão//

Vamos tomar café na casa do Carvalho?//

Teu apelo será atendido de pronto//

Deslizarei como nunca no pino//

E depois é só a clareza no ponto//

Mas depois não vá dizer que é um pinto//

Vamos nus mergulhar no prazer\\

Sentir nas águas a presença do Pai\\

E do rego, soltar borbulhas nesse lazer\\

E com frequência gritarmos uns "ais"\\

O Pai já enviou minha burca\\

E com ela vestirei minhas carnes\\

Mas o frei não me olhe, pois bifurca\\

Até o cajado será um delirium tremens\\

Mas isso já passou das medidas\\

Vou usar sainha e decotes\\

Agora você tocou na minha ferida\\

Querendo despertar o teu pacote\\

Rego todo o jardim\\

Com o regador do padre santo\\

Depois sussurro com os querubins\\

Que vou te dar um tranco\\

Cuidarei de todas as plantinhas\\

Entre elas as tais bertalhas\\

E comeremos à tardinha\\

Teu pãozinho da fornalha\\

Pintarei as unhas dos meus pés\\

Pois quero mostrá-lo a Moisés\\

E se o santo vir, sei que também é\\

Aquele que nos pés me canta na fé\\

Tomo na cúria e também do Facuri\\

Molho a hóstia do frei Dimão\\

E depois passo o 'mercúri'\\

No machucado do seu pezão\\

Da minha virginal fenda\\

Passo a receber a graça\\

De ter o frei armando a tenda\\

E logo após sentir o "esgarça"\\

Nossa junção é abençoada\\

Assim como todas as carmelitas\\

E cairemos nessa estrada\\

Para acolhermos a mais zoada\\

Escancaro-te a doce gárgula\\

Na mais profunda oração\\

E mostro o bem da úvula\\

Em que fizeste tua oblação\\

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 22/10/2014
Reeditado em 22/10/2014
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