Frei Dimão concita Sandra Flor a seguir o evangelho
Há muito venho querendo
saudar-te, divina Flor
aos teus encantos me rendo
saúda pois o teu confessor
Tua vida soteropolitana
é uma colcha de retalhos
pois anda mais pra profana
tanto que buscas atalhos
Cuidado com o Satanás
este maligno insidioso
que sempre ataca por trás
buscando infindo gozo
Vou levar-te à sacristia
pra no Evangelho iniciar-te
lá será tudo alegria
se bem fizeres tua parte
Cuida de minha batina
que anda demais surrada
ela rezou tanta matina
que de vela está engomada
Sei que és boa na lavação
deste meu sacro paramento
fá-lo, contudo, só à mão
pois se encontra tão gosmento
Entrega-te assim à confissão
contando-me os teus pecados
dar-te-ei a absolvição
se eles não forem molhados
Evita à praia te expores
usando trajes de banho
do pecado são todas as cores
nada mais lhe é estranho
Evita também o decote
e todo namoro te proíbo
e de meu religioso mote
passa-me logo teu recibo
Quero conduzir-te ao céu
tu que és alma tão pura
foge pois do beleléu
ao receber uma dura
E se Cristo tomas por esposo
de todo mal salva estarás
pronta para o divino gozo
e de costas pro Satanás
Não mais destroces corações
ó tresmalhada ovelha
livra-te pois dos senões
senão te puxo a orelha
E Flor, floresce na prece, quando ao sacro frei obedece:
Agradeço a ti reverendo//
por esta pura saudação//
estareis aqui e me rendo//
pra uma nova confissão***
Por buscar atalhos afins//
profana acabo me tornando//
pois a vida aqui sem fim//
na Bahia é carnaval chegando***
Esse satanás tá no papo//
quando vem por trás//
dou bote e ataco//
ele logo se mordaz***
Farei tudo que mandastes//
tudo em ti abraçarei//
que se cumpre o guindaste//
e tão logo o honrarei***
Da tua batina terei cuidado//
a tua vela eu acenderei//
não serás mais convocado//
p'ra outras matinas o instigarei***
Esse mingau conheço bem//
será nosso sacrifício//
comerei o conteúdo também//
digo-te, não será difícil***
A confissão assim, complicará//
pois meus pecados presentes//
pena, não conseguirás salvar//
molhados estão, como os absolveras?***
Impossível à praia evitar//
dei-me outra condição//
pois amo e é lindo o mar//
não me tire essa contemplação***
Tu me impões condições//
não sei se poderei atender//
abra um pouquinho os botões//
para que eu possa surpreender***
Salve-me das tais tentações//
em ti acredito e em muito confio//
fugirei sim das maldições//
para contigo puir no leito ninho.