Frei Dimão desperta Kathie para as orações, que logo acorre
Teu corpo está perdido
cheiraste a flor do mal
provaste do amor bandido
em pecado capital
De ti agora exijo a calma
para buscar u´a solução
salvar-te ao menos a alma
pra tomares a comunhão
Soube que ouviste Chalino
esse cantor mexicano
que contigo fez menino
em ato do mais profano
De sua pistola enamoraste
enquanto faziam um corrido
e em seguida te apaixonaste
dominada pelo Cupido
Isso é coisa do Satanás
provar Chalino ou Gardel
o Pai furioso fica assaz
e te fecha a porta do céu
Pra ti só busco clemência
do Pai misercordioso
e te dito peni(s)tência
pra alcançares o gozo
Dobra-te pois de joelhos
em profunda contrição
e ouve bem meus conselhos
pra alcançares a sal(i)vação
A ponta de meu cajado
irás portanto chupar
para te extrair o pecado
a ela irás entortar
De México estarás así libre
a caminho do paraíso
provando de meu calibre
caldo precioso e preciso
E enquanto jorra a fonte
desta seiva mais divina
te mostro o Belo Horizonte
que pode ser tua sina
Teu voto de castidade
a Aécio tu negarás
pois tua urna, sem piedade
nem a Dilma abrirás
Deixa de lado a eleição
que política é grande crime
não se salva um só irmão
nesse danoso regime
Segue pois a sinuosa senda
contra todos os descaminhos
e somente abra tua fenda
à prece e à coroa de espinhos
Quando no céu entrares
cuida bem do firmamento
que brilha como Antares
mesmo que relinche um jumento
E amor jamais negues
naquele divino esplendor
e com a fidelidade dos jegues
nada escondas a este teu confessor
Tocar-me-ás o violino
como religioso marco
extraindo o som mais divino
enquanto te mando o arco
Concluamos com a ladainha
que a todos os santos pertence
assim como tão tua e tão minha
senão de fome a gente padece
Traz de Chalino a pistola
que sem piedade dispara
vê se ela te consola
lambuzando a tua cara
Kathie se ajoelha, e reza, com fervor:
Pequei sete vezes sete//
Sambei co' as sandálias do rei//
E tudo por culpa de Ivete//
Que apostou levar também o frei//
Comungarei na tua esteira//
Pelas tuas duras tão acometidas//
E tomarei chá de "catuabêra"//
Para exaltares tua pro(metida)//
Ouvi apenas o chiado//
Da chuva no telhado//
Quando dei conta, era o miado//
De um gato malhado//
Namorei sem a pistola//
Só fiquei no rela-rela do manhoso//
Depois chamei Gonzaga da hora//
E batemos coxas bem gostoso//
Sou freira bem gozada//
Até o meu hábito melecou//
Faço a festa santificada//
Até pra ti Santo, que babejou//
Em genuflexão exaltarei\\
Teus profundos conselhos\\
E assim por diante ficarei\\
Molhando a rodela (dos joelhos...)\\
Cajado é coisa de sal"i"vação\\
Então deixe-me na penitência\\
Até extrair-me a beatificação\\
E serei a Santa da tua urgência\\
Teu caldo precisa de fervura\\
Então me dê com todo o louvor\\
E deixe-me contar as nervuras\\
Que vou chamar o Dodô\\
Dentre todas, tua seiva é a mais pura\\
São místicos esses obreiros\\
E iremos assim nessa fissura\\
Estaremos salvos no tal Rio de Janeiro\\
Minha urna é trancafiada, viu?\\
Portanto vá tomar suco de caju\\
Vou mandar Aécio pra ... kipariu\\
E a Dilma dentuça - ela pode lavar os pés?\\
Eleição é coisa do diabo\\
Anulo até dizer: Eita, carái!\\
É tudo puxado pro saco\\
E mando tudo pra casa do chocalho!\\
É santificada a minha fenda\\
E só na caminhada irei abri-la\\
É como se fosse uma merenda\\
É só a sal(i)vação irá fazê-la\\
E se na cova dos leõs vir Daniel\\
Também o chamarei para brilhar\\
Até que toque um bom Gardel\\
Daí o frei também irá danar\\
O amor é bom, não quer o mal\\
Portanto, invocarei os repentistas\\
Pra fazermos um carnaval\\
E iremos todos cair na pista\\
Tocarei um sax bem divino\\
E farei divagar as borboletas\\
Sustenido no teu vinho\\
E depois chupo a palheta\\
Mataremos a nossa fome a nossa sede\\
Nos andores lá da sacristia\\
E na ladainha, ficaremos na rede\\
Baloiçando feito a ventania\\
Trago é a chaminé\\
Pois sei que cobra também fuma\\
Vou chamar até o Zé Mané\\
Pra enfiar a mão na cumbuca\\