Frei Dimão ora na madrugada, de Monay se converte
Bati à porta de tua cela
e lá não te encontrei
ordens do Pai que por ti zela
o terço, só, então debulhei
Sei que ouviste Núbia Lafayette
em baladas de nostalgia
essa musa já pintou o sete
e uma hora ela te contagia
Embora já ficando velho
minha missão nesta terra
é cumprir meu Evangelho
com o cabrito que não berra
Sei que uma carta me escreveste
em linguajar bem profano
não sei se antes a leste
mas já ma entregou o Soriano
Nela falas que tudo abandonas
para continuar na clausura
mas tuas atitudes mandonas
me fazem dar-te uma dura
Além da sacra sabedoria
precisas de toda humildade
pois do Pai és pura alegria
e de ti ele só quer castidade
Timóteo agora da o Seu Grito
mas nessa conversa não vás
esse é um profano rito
só pra quem leva atrás
Serás freira carmelita
e do mundo te isolarás
isso ao Pai tanto excita
bem como evita o Satanás
A madrugada rápida avança
e as matinas nos cumpre orar
e se houver qualquer lambança
com teu hábito a deves limpar
Prepara em seguida o desjejum
para juntos o comermos
ele deve ser bem comum
e se encaixar nos meus termos
Teu bacon deve ser bem grelhado
e o suco do mais natural
e já me encontro molhado
trás a batina do meu varal
Abençoado, e ah, bem suado
vê bem, sei que não pecas
isenta estarás dos pecados
se logo me trocas as cuecas
E não te incomodes
nem jamais peças socorro
quando comigo te fo...ges
e recebes meu sacro jorro
Estes teus lábios carmim
são os que agradam ao Pai
e lambuzando-os enfim
não deverás dizer um ai
Vai, acólita, traz meu missal
ele tem oração poderosa
dessas de levantar o moral
de quem com o divino goza
O dia já amanhece
e te cabe o pão amassar
bate bem que ele cresce
tá na hora da batata assar
Contrita, de Monay responde sussurrante, aliciante, pia e praticante:
Se o Pai por mim zela//
Assim fico muito feliz\\
Mas ao frei não dou trela//
Porque sei que ele samba na Imperatriz\\
Ouvi também o santo Dicró//
Depois tomei umas tantas\\
Cai nas" calçada" da vida feito coió//
E agora quero vou tomar fanta\\
Teu cabrito abre o berreiro//
Apoquenta os meus nervos\\
Vou baixar é noutro terreiro//
E vou chamar o frei de pretu velhu\\
Soriano é um gayzão//
Faz tudo pra me derrubar\\
Vem aqui tomar um chimarrão//
Pra gente f.. poder conversar\\
Sou a superiora do santo//
Mando até na cor das cuecas\
\Mas te digo que é encanto//
Desses que não se breca - checa?\\
Sou-me casta até a goela//
E só quero a alegria\\
Não cai em nenhuma esparrela//
Só sambei sem a fantasia\\
Se levei atrás, foste tu o culpado//
Não quis proteger tua santa\\
E agora tem mais sumo prelado//
Querendo me pagar lá pelas tantas\\
Satanás é o meu amigo//
Quer tocar minha flauta doce\\
E agora te adianto e digo//
E por mais que ele não fosse\\
A madrugada foi feita pra retiro//
Você com o seu turíbulo na atrás\\
E eu, franciscana te miro//
E você sussurrando: fumaça, quer mais?\\
Assarei o bom pão sírio//
E comemoraremos sem gula\\
Mas depois vamos aos tríduos//
E não chame as freiras pra labuta\\
Tua batina foi mijada//
Pelas cabritas de pai Tomás\\
Agora vê se toma mel com cevada//
E não enganes o Satanás\\
Sou feito a anja do Pai//
Sou isenta de todos os vícios\\
Mas se quiser conferir: Vais//
Até a ceia com um bom vinho\\
Recebo teu sacro jorro//
Do cajado mais duro\\
Ei-lo pois o meu tesouro//
Que me deixa no escuro\\
Meu lábios são escarlates//
Feito frutas vermelhas derretidas\\
E todos se lambuzam, até os frades//
E depois vem a acolhida\\
Gozar com o divino é a glória//
Faço do teu missal meu anseio\\
E humilde vou sem escoras//
Deleitar-me no teu esteio\\
O dia já amanhece//
e te cabe o pão amassar\\
bate bem que ele cresce//
tá na hora da batata assar\\
Já estiquei toda a massa batida//
Vem pois, meu santo querido\\
dar de comer e beber nessa tua batina//
As minhas forças já exauriram\\