A ENCHENTE DO RIO SÃO FRANCISCO.

A ENCHENTE DO RIO SÃO FRANCISCO.

Por Honorato Ribeiro.

Amigos, de todo o Brasil

Que ouviu rádio e televisão,

Nos jornais e nas manchetes,

Das chuvas e da inundação,

Que inundou muitas cidades

Com a enchente do Chicão.

De Pirapora a Juazeiro

Muita cidade inundada,

Umas ficaram submersas,

Outras ficaram alagadas;

Carinhanha ficou isenta

Urgente a socorrer Malhada.

Malhada é muito baixa

Submersa virou um mar!

Não ficou sequer uma casa

O telhado pra gente olhar!

Nenhuma a casa a gente via

Todos tiveram que mudar.

Moacyr e Pepê com lanchas

De transportar caminhão

Foi o socorro imediato

E todos juntos como irmãos

Socorreram aquele povo

Daquela triste inundação.

Até o prefeito Chicório

Viu a tamanha situação

Pegou a lancha e ajudou

O povo em sua aflição;

De Malhada ele trouxera

E lhes deu acomodação.

Nos cinco grupos escolares,

Hospital, fórum, maternidade

Círculo Operário e a Liga,

Juntos numa fraternidade,

Agasalhou todo o povo

Daquela tão nobre cidade.

Naquele dia Carinhanha

Ficou sendo duas cidades

Malhada aqui foi sua estada

Com amor e fraternidade

Agasalhou os malhadenses

Com muita humanidade.

O governador da Bahia

Unido junto ao federal

Mandou alimentação

Vindo de avião da capital;

Ninguém passou necessidade

Pois os víveres vieram legal.

Mandou vacinar o povo

Preventivamente na cidade,

Contra febre tifóide

Com muita capacidade

Todos foram vacinados

Imunizados velhos de idade.

Carinhanha sendo alta

Houve pequena inundação

Porém só no Bairro Sudene

A água houve invasão

Entrou pelo Sangradouro

Não havia ainda o paredão.

A Praça do Cais inundou

Chegou lavar o Barracão

Muitas das casas racharam

Na parte baixa a invasão

Das águas do Velho Chico

Que fez uma devastação.

Já houve quatro cheias

Grandes, igual a essa, não!

No grande rio São Francisco

Com grande inundação

Essa vai ficar na história,

Dos ribeirinhos dessa Nação! (Cheia de 1979).

As maiores enchente foram:

A de seis e a de dezenove

E a de vinte e seis também;

Grande a de quarenta e nove

Inundou muitas cidades

E o povo correu e teve sorte.

Angico, Barra do Parateca

Povoados de Carinhanha

Ribeirinhos do Velho Chico

A enchente fez sua barganha;

Elas sitiam bastante altas

E o Velho Chico não banha.

O povo saia de barca

Pelo rio até Julião,

Transportando o povo

Pra guanambi e região;

Doze quilômetros de água

Foi essa a inundação.

A distância de Carinhanha

Até chegar a Julião

São doze quilômetro só água

Essa foi a inundação

Que o Velho Chico fez

Aos ribeirinhos em aflição!

O povo da ilha correu

E as casas todas inundadas

Todas submersas ficaram

E o povo procurou morada

Aqui em Carinhanha

Foi a salvação da chegada.

O lugar pior foi Parateca

Município de Malhada;

Aquela gente perdeu tudo

As pessoas ficaram ilhadas!

Não souberam pra onde correr

Pois tudo estava inundada!

Saiu depressa pra socorrer

Senhor Bispo de Caetité

Foi com uma lancha cheia

De víveres cobertor e café;

O povo nem barraca tinha

Sentar! Tinha de ficar em pé.

Se o senhor Bispo nunca sofreu

Naquele dia, carregou a cruz

Junto aos paroquianos

Lá no ermo sem vela e sem luz.

Como vigário de Cristo acudiu

Aos paratequenses os conduz.

Rico e pobre sofreram

O Velho Chico não escolheu

Nem preto e nem branco

O povo às pressas correu

Para lugar bem seguro

Correu e ninguém morreu.

Isso tudo é para que o povo

Que a natureza tem poder

Com ela ninguém brinca

Como criança em bacondê;

O rio enchia rapidamente

Era um metro pra temer.

Fazendeiros perderam gados

Que caiam no rio a nadar

O povo laçava e abatia

E a carne repartia sem cobrar

Porco, cachorro nadavam

Nadavam para escapar.

Os vapores não viajaram

Por falta de lenha e porto

Todos ficaram isolados

Enxurrada corria a solto

Pois sofrimento foi grande,

Não registrou nenhum morto.

Animais saíram da mata

O tatu, a cobra e veado

Muitos deles o povo pegou

Com habilidade e cuidado.

Patetas ficavam parados

E o povo o agarrava.

As cobras saiam do mato

Procuravam um lugar

Às vistas e o povo corria

Com medo de lhe picar;

Apareciam em todo canto

E o povo de pau pra matar,

Era perigo de todo lado

O medo aumentava do povo

Houve muito sofrimento

Até que veio o socorro

Barcas e avião trouxeram

Roupas, alimentos tudo novo.

O povo perdeu o que tinha

A enchente levou o que tinha

De pobre e rico não escapou

Até a galinha que possuía

Muitos móveis daquela gente

Da Malhada que inundou.

Fiquei cercado na Lapa,

A Lapa do Bom Jesus

Fui de lancha pro Julião

Peguei o caminho da cruz

Cheguei lá, e como voltar?

E o Chicão corria qual avestruz.

Muita família de Malhada

Ficou aqui e não voltou

Com medo de outra enchente

E até hoje, aqui é morador

O rio deixou uma riqueza

Quando o rio sua água abaixou.

A vazante tão fértil pra plantar,

Mandioca, batata e feijão,

Por isso chamamos de Nilo

Porque tem riqueza no chão.

Veio logo a grande fartura

E o povo sorriu com o coração.

Ontem ele fez enchente

Hoje ele está preste a morrer

E ainda querem transposição

De um rio que pede pra lhe valer

Senão valer ele morrerá

E consigo o povo irá sofrer.

Sofrer pior que a enchente

Pois sem água não há vida

Sem água não há energia

Sem água não há guarida;

Tudo morre num instante

Criança, velho e flor margarida.

Nunca vi em toda minha vida

Uma seca brava como agora!

Até urubu, capivara sumiram

O compadre d`água não mora.

Sumiu, hoje é coroa e rio seco

Até sumiu o lendário caipora.

hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 19/10/2014
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