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CANTO AOS MAIS MENOS
 
 

Vou cantar à gente simples
nas cordas desta viola,
também louvando o sertão,
mas sem querer ser gabola,
somente com cantorias
do que me der à cachola.
 

Briosas massas do povo,
de paz, tão trabalhadeiras,
que de sol a sol labutam,
pois sempre muito guerreiras,
mesmo em face a tubarões,
tomam decisões certeiras.
 

A gente do meu Nordeste,
por várzeas e chapadões,
ara as glebas ressequidas,
vence estios e opressões
e já não verga os costados
às vontades de eleições.
 

Em tempos já bem distantes,
eleições tinham cabresto;
mandavam os coronéis,
como os donos do contexto.
Votar contra, nem pensar,
era ir do lixo ao cesto.
 

Hoje, não; matuto vota,
livremente e bem feliz.
Ouve rádio, vê tevê,
sabe alocar seu nariz
das eleições no combate,
não dobra a sua cerviz.
 

Para o rei Fernando Henrique,
«nordestino vota mal»,
porque não vota em tucano,
esse pássaro venal,
de plumagem tão bonita,
porém ruim de moral.
 

O tucanato comprou,
lá dele, a reeleição...
Mudou as regras do jogo,
pra repetir eleição:
isto o País não esquece.
Tu és guru, cidadão?!
 

Não farei apologia
de um Brasil separatista.
Toda região encerra
o seu valor progressista,
mas preconceitos não bebo
– isto me cheira a racista.
 

Feitas essas digressões,
já de volta à simples gente,
vejo em todo brasileiro
o mesmo igual combatente,
seja do sul ou do centro,
ou lá do norte emergente.
 

Não por bobagem bairrista,
aqui louvo a gente minha.
Ao fazê-lo, canto a todos,
que generoso caminha
meu estro de menestrel
nas cordas da violinha.
 

Só aos miúdos que canto:
gente graúda, não vejo,
ou olho, mas não importa.
A cantar, o meu desejo,
se querem saber, de fato,
é ao menos mais ensejo.

 

Fort., 18/10/2014.
Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 18/10/2014
Reeditado em 18/10/2014
Código do texto: T5003333
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