Frei Dimão ora na madrugada com a discípula Kathie
Em meio à madrugada
bato à porta de tua cela
a hora é santificada
para quem ao Pai apela
Convido-te para a oração
vem acender minha vela
e em tua genuflexão
teu decote se revela
Para evitar má sequela
exijo que cubras teus ombros
o demo é como erisipela
que tudo deixa em escombros
Desliga esse teu I-pad
senão o Pai, furioso
graça não te concede
para o supremo gozo
Sei que ouves Caju e Castanha
essa dupla infernal
que usa linguagem estranha
pecado bem capital
Das antífonas agora é hora
música, só a religiosa
senão o Pai manda embora
sem poesia e sem prosa
Protege bem tua fenda
do iníquo, do malino
antes que eu arme minha tenda
e entre em desatino
Nada de ouvir o Batista
enquanto rezamos o credo
de sertanejo e recantista
à distância eu me quedo
Preciso contudo trocar
esta minha surrada batina
espero possas ajudar
nesta hora mais supina
Também do azul comprimido
necessito nova embalagem
as noites passo sofrido
pronto pra sacra-anagem
Sábado é dia de preces
evita pois lugar comum
e se bem me obedeces
da carne entra em jejum
De mim irás receber
a ventura da comunhão
esse é o mais sacro prazer
que obténs por minha mão
Chegarás ao amor perfeito
visitando o divino jardim
após passar por meu leito
coberto de cardos, assim
Experimentarás o sinal
que tanto ao cristão seduz
embora sendo de pau
pau santo, minha cruz
E naquela hora suprema
jamais penses em socorro
a gozatura é extrema
chegada a hora do jorro
Minha batina engomada
com desvelo a lavarás
desnuda, despojada
e vade-retro satanás
De Monay, responde, não esconde, sob ardorosa fronde:
Abro a porta dessa cela//
E vou ao encontro dessa fé\\
Abençoada seja essa procela//
Ontem Tonhão me pegou de pé\\
E tua santa vela eu acendo//
Tenho fogo de sobra\\
E meu decote vai ardendo\\
Arranco a blusinha e tu assopras//
Cubro meus ombos com gaze\\
Deixo teus olhos arregalados//
Por mais que o transe não passe\\
Vem meu santo, me tira desse pecado//
Quero o supremo gozo\\
Após desligamento do aparelho//
E faço o caminho mais leitoso\\
Quando me juntares no teu relho//
Escutei foi Roberta Miranda\\
Num bate coxas diferente//
Numa roda de umbanda\\
E lá fiz ciranda com muita gente//
O Pai também é poeta\\
Dá-me tudo que eu quero//
Depois com anjos toco trombeta\\
E mando chamar o Rolando Lero//
Minha fenda está cimentada\\d
esde aquela grande goteira//
E já entraste nessa furada\\
Tomei até banho de candeia//
Viciei no Chitãozinho e Xororó\
\E enquanto faço a reza//
Vou ceiar no xilindró\
\E chamo Dimão, frei que se preza//
Comprei sandálias e batinas novas\\
Pra tua missa rezares com fervor\\
Agora podes dar uns pegas//
Nas baianas de Salvador\\
Precisas de um bom Abrir Gira//
Para poderes te revelar\\
E daí cê fala c'oa dona Gina//
Vá, não custa o frei tentar\\
Sábado, preciso tuas batinas lavar//
Vamos logo com essa ladainha\\
Depois mostra-me como pecar//
Quando tu vires minha canjiquinha\\
Tuas mãos são de um padre rígido//
E na comunhão eu pude sentir\\
Traga-me então um alívio//
Que o meu hábito irei abrir\\
Chegarei ao divino jardim//
Após o banho de descarrego\\
Direi que és o meu querubim//
E não vás pedir o arrego\\
Do madeiro quero fazer parte//
Juntar as minhas preces\\
E tu dirás: Cubra tuas partes//
Vem com teu frei e te apeteces\\
E na hora do divino jorro//
Chamo o meu frei cambono\\
Ele me ajudará a por o gorro//
Antes de sentar no seu trono\\
Tua batina é pura e alva//
Lavarei com cloro e sabonete\\
E veremos a estrela Dalva//
Quando me fizeres o minete\\