MENSAGEM NA GARRAFA

MENSAGEM NA GARRAFA

"(Sophie Charlotte) começa a filmar "Língua Seca",

com direção de Homero Olivetto, em que viverá

Severina, parceira de Ara, papel de Cauã Reymond".

(trecho de reportagem sobre grupo de motoqueiros

viajando pelos sertões do Ceará, in jornal AMAZÔNIA,

Belém / PA, 18/08/2014)

Há 2 séculos ou mais existiu um período em que se enviavam mensagens em garrafas atiradas -- de barcos pesqueiros ou de navios de turismo -- nos oceanos. A curiosidade era saber onde iriam parar as garrafas e quanto tempo demoraria a resposta. Coisas desse tipo dependem da boa vontade de quem as recebe, já que o costume era reenviar a mesma mensagem (e garrafa), de igual forma.

Os tempos modernos acabaram com muitas das antigas tradições e brincadeiras e nossos rios e mares encheram-se de objetos, de detritos e até dejetos. Das românticas garrafas não sobrou nem sequer uma lembrança.

Este texto é uma "mensagem na garrafa", endereçada aos produtores do futuro filme "LÍNGUA SÊCA", dirigido por Homero Olivetto. O "cordel" abaixo foi criado hoje pela manhã (17/out. 2014), inspiração instantânea a partir da notícia sobre o filme e a "melodia" do poema se baseia num disco magistral dos cantadores (e repentistas) MIZAEL E SANTINHA, com o título de "Rasga o peito e solta o verso", lançado nos anos 70.

Espero que algum leitor ou leitora, que conheça os responsáveis pelo filme, REPASSE esta "garrafa", digo, mensagem -- na forma de email -- até porque tenho ótima versão livre da inesquecível música de Janis Joplin (Me and Bob McGee), cuja letra caberia como uma luva no filme, se o enredo tratar da solidão de um amor que "sumiu" na estrada. O Tempo não pára... NAVEGAR é preciso !

"NATO" AZEVEDO (escritor e compositor) -- Ananindeua, PA

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CORDEL DA "LÍNGUA SÊCA"

I

Amigos, eu vou contar

uma História envolvente,

daquelas que a gente sente

'té vontade de chorar.

Nada pode separar

o que o Amor une e reúne...

quem tentar não fica impune!

A Natureza o condena,

pois é Deus que nos ordena

amar sem ter nem ciúme.

I I

Severina "motoqueira"

-- maluca, doida de pedra --

cuja história nos enreda

da forma mais verdadeira

não era moça interesseira,

não vivia para o luxo

nem pensava só no "bucho".

Quiz desta Vida alegrias,

viver suas fantasias...

como lhe ordenou um bruxo !

I I I

Nos confins deste sertão

do agreste do Ceará

ela realizará

desejos do coração.

Pelas masculinas mãos

do belo mancebo Ara

terá emoções tão caras

e momentos bem ardentes...

viverá noites mais quentes

que o deserto do Saara.

I V

Desde os tempos de Homero

quer o Homem liberdade,

conhecer campo e cidade...

e é isso que também quero !

Filmes contam com esmero

essa busca incessante.

Aventureiros, avante...

pros confins da "LÍNGUA SÊCA"

de jegue, "byke" ou "lambreta",

sol no rosto, olhar brilhante.

V

Dos tempos do "Easy Rider",

onde os hippies imperavam,

belas lições êles davam

sobre o salutar viver.

Temos muito o que aprender

daqueles dias risonhos.

Há pesadelos medonhos

ameaçando os mortais,

cujos destinos finais

é ir atrás de seus sonhos !

"NATO" AZEVEDO (17/10/2014)

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OBS (em 12/junho 2015 - como o filme está sendo rodado no interior da Bahia, optei por "reformar" a terceira estrofe,que fica assim:

I I I

Nos confins deste sertão

da região nordestina

realizas, oh, menina,

desejos do coração.

Pelas masculinas mãos

do belo mancebo Ara

terás emoções tão caras

e momentos bem ardentes...

viverás noites mais quentes

que o deserto do Saara.