A Alma Que Me Habita
Uma folha branca, casta
E uma pena na mão
Isso é tudo, e me basta
Para assumir a posição
Logo a razão se afasta
Cedendo vez a inspiração!
Não sei como acontece
Nem como a magia se faz
A realidade adormece
Velho sonho se refaz
E, se ao poeta apetece
Prova do que é capaz!
Ainda que chova lá fora
O frio domine o espaço
A alma do poeta aflora
Traz consigo o mormaço
E a certeza que vigora
É duvidar do que faço!
Um amor, uma lembrança
Abre as asas do poema
Que pousa doce e balança
Folhas de uma vida plena
E a mão que escreve não cansa
Até ver perfeito o tema!
Não sei onde principia,
Se na alma ou na mente,
O verso que se inicia
Cria força e segue em frente
Vai moldando a poesia
De forma tão envolvente!
De certo que não fui eu
A autora dessa arte
Mas se assino torno meu
E das glórias, tomo parte
Seja crente ou seja ateu
Todo poeta é quase um deus
No dom que ao mundo reparte.
Marisa Rosa Cabral.