Saia rodada
Na minha terra natal,
A moça tem que ser prendada,
Usar laço de fita e saia rodada,
Se quiser um marido fisgar!
Marido! Esse é igual a piaba,
Foge, pula, escorrega!
Pense numa luta condenada,
Que só a saia rodada, pode a donzela ajudar!
O pai tem sempre cara de mal,
Faz o tipo duro que nem uma rocha,
Mas, bem no fundo, no fundo,
É só pra não pegar mal!
Ele quer mesmo é se livrar,
Desse desassossego afinal,
Que é ter uma solteirona,
Foi, não foi, fugindo pelo quintal!
A mãe pobre coitada,
Faz um doce chamado cocada,
Que é pra oferecer ao futuro genro,
Quando o salvador dá uma oiada!
Oferecem dote,
Umas cabeças de bode, um bezerrão,
Uns troços que no meio tem uma quartinha,
Tudo pra chamar a atenção do bestalhão!
O besta, que não tem nada de besta,
Quando tocam no assunto de casório,
Ele muda de assunto, desconversa,
Foge que nem o diabo da cruz, quando o assunto é cartório!
A moça se desespera,Diminui a saia, aumenta o dote,
Faz tudo para agradar seu par,
Que sempre tapeia,
Quando o assunto é casar!