Frei Dimão exorta Kath à confissão
Discípula bendita
pronta resposta me deste
bem clara, e expedita
como mensagem celeste
Frente a este grande abismo
sei que logo aprenderás
meu rigoroso catecismo
e muito te regozijarás
A tua bela e crua poesia
tem o agrado de tanto marmanjo
mas ainda maior serventia
é que escrevas para um anjo
Lá em cima o firmamento
está de olho em ti
mas evita transbordamento
e qualquer outro frenesi
Es cobiçada boneca
cujos lábios têm veneno
mas vê bem, antes checa
há muito espírito pequeno
Aceitas ir pra clausura
mas antes tem confissão
vais enfrentar uma dura
e mais duro é o meu bastão
Mas és jovem cordata
tens o coração aberto
e nesse jogo que não se empata
vitória é teu rumo certo
A tua honrada virgindade
será um dia proclamada
guardaste a castidade
para a hora mais sangrada
Jamais visites uma granja
que é como fel e absinto
pois lá é que se arranja
e se dá glória ao pinto
Imaculada, serás concebida
por uma ardente inoculada
nunca jamais repetida
e fica a história consagrada
Podes ouvir Amado Batista
que sempre foi homem fiel
e tanto coração conquista
mas mais ouvirás o céu
Quanto à desvairada paulicéia
darás nisso um basta
pois não fazes idéia
que castidade também gasta
De minhas surradas batinas
vem cuidando a boa Nanda Araújo
mas as cuecas, tão finas,
parecem roupa de marujo
Hoje de vésperas é dia
comigo vem rezar
no escuro da sacristia
pro Pai nos iluminar
E jamais sentirás
o menor dos pesares
se fugindo do Satanás
em meu cajado sentares...
Membro desta vasta grei, de de Monay só uma coisa direi: agora ela converte o frei.
Meu adorado frei Dimão//
Te digo do fundo d'alma\\
Que quero ser teu refrão//
Dessa tua messe calma\\
Dar-te-ei minha doce uva//
Para servires na santa ceia\\
Tu que me vês assim tão fulva//
Então, não instigues essa peia\\
Sei que faço poesia mundana//
Mas saibas que sou pueril\\
Não me deixe à sorte à gana//
Posto que que o senhor é viril\\
Dos meus lábios saem meis//
Das mais finas colmeias\\
Sou-me anja e valho reis//
Não me confunda com Medeia\\
Aceito ir pra clausura//
Deixo um rasgo no hábito\\
Quero tua força mais dura//
Antes que me desvie do teu hálito\\
Meu coração e cheio de amor//
E sei que és santo, me darás a luz\\
Então me ponha no teu andor//
E vamos juntos a Santa Cruz\\
Já visitei granjas e já toquei pandeiro//
Vi tantos pintos em barracões\\
Agora eu quero é a luz do candeeiro//
E cantar o hino com a boca nos pistões\\
Não quero saber de Batista//
Não gosto desse estilo\\
Quero outros artistas//
Castanha e Caju são o meu vício\\
Rezarei com o frei bem devagar//
Para que possamos entrar no céu\
\Então nos deixemos enfatizar//
Até que caibamos nesse santo bordel\\
O senhor é o meu salvador//
Dá-me logo teu oratório\
Que de joelhos não sentirei tanta dor/
Mas sim, todo esse teu longo rosário\\
Agora sinto-me mais leve//
Senti o cajado do frei Dimão\\
Apenas cãibras na pélvis//
Mas isso é próprio de quem é são\\v