Frei Dimão adverte a formosa Kathmandu
Soube que prendeste um tsuru
que é um pássaro divino
tal qual nosso uirapuru
fizeste coisa do malino
E permanece o teu decote
tão rasgado e abusado
inda hão de quebar o pote
esta é a rota do pecado
Teu sorriso de Monalisa
veemente eu condeno
jovem cristã não precisa
lançar mão de tal veneno
Vou chamar-te em confissão
à primeira hora do dia
e livre da tentação
tua alma será pura alegria
E para manter o decoro
vou proibir neste Recanto
toda forma de namoro
que corrompe até santo
Embora sejas bem catita
andas por escuras esquinas
onde o pecado habita
vem comigo rezar as matinas
Quero também que te ocupes
de minhas surradas batinas
mas cuidado, não chupes
picolé com outras meninas
O que te darei pra chupar
é um divino relicário
dos males te irá curar
a santa chave do sacrário
Já me beijaste o cajado
mas serás digno receptáculo
de algo bem mais honrado
que é meu sacro báculo
Levar-te-ei para a clausura
lugar, sei, que te excita
na virgindade mais pura
e te farei uma carmelita
E versos só comporás
de acordo com a escriptura
mantendo distante o satanás
pra não levares minha dura
E com odor de santidade
meu sono tu velarás
cuidando deste velho frade
no céu comigo entrarás...
Madrugador, Stelo observa o movimento religigozo...
Madruguei e de repente.....
Já flagrei o Frei Dimão....
Carregando uma penitente.....
De candeeiro na mão.....
Pensem num frade ardiloso.....
Usa de tudo e é jeitoso.....
Pra conceder salvação....
Num átimo, Kathmandu responde ao zeloso frei, ovelha de sua grei, e mais não direi:
Rezarei em todas as matinas//
Com o senhor que é um santo frei\\\
E o farei também na sabatina//
Posto que me fascina tua grei\\
O meu decote é bem rasgado//
É que não cerziram nem o laço\\
E pra te dizer: prendo até gado//
Com esse decote devasso\\
Meu sorriso sempre foi largo//
Não condene-o, oh! meu frei amado\\
Já que ando ao seu lado//
E destemida vou-me sem pecado\\
Chama-me e dá-me tua liçaõ//
Na hora de o galo cantar\\
Serei tua bela missão//
Faça-me logo adentrar\\
Não sou de namoricos//
Sou mulher pura e casta\\
Não quero paparicos//
Sou a santa que te basta\\
Chuparei teu relicário, eu sinto//
Gosto dessa parte e me redimo\\
Serás como a hóstia de pirulito//
E daí, meu frei será o átimo\\
Clausuras eternas e fechadas//
Para que apascente essa tua ovelha\\
Sempre querendo fachadas//
Então dê-me sermão nas orelhas\\
Teu cajado me animou//
E dele tirei as lições\\
E daí que o frei me injetou//
As mais deliciosas oblações\\
Só compunharei as tuas partes//
Que de meu santo serei tua fé\\
Então vamos as tais artes//
Que logo virá o nosso café\\
E chamo o tsuru para cantar//
Em teu mote de santo\\
Farei tudo pra te animar//
E me refastelar nesse teu manto\\
E o odor de sua santidade//
Serás para mim a brandura\\
Depois que eu gozar na humildade//
Serei para ti a dita cura\\
Cuidarei deste velho frei tão casto//
Tratarei de velá-lo todos os dias\\
Tanto quanto rezei no teu mastro/
/E me regojizo no batismal da pia\\