Frei Dimão concita Kathmandu à castidade

És um anjo de bondade/

e a todos estás a cativar/

Espero que ouças este frade/

que quer apenas te salvar/

Tens um talento invulgar/

e grande sensibilidade/

porém tua alma está a buscar/

o rumo certo da santidade/

Pelo teu meigo olhar/

pode-se notar o quanto basta/

impoluta, és figura sem par/

e entre castas, mais casta/

Deves assim te preparar/

para grande revelação/

Quero agora marcar/

a u'data pra tua confissão/

Pelo que da distância observo/

tu usas mui crua linguagem/

eu que do Pai sou servo/

quero fazer-te à sua imagem/

Assim precisas te policiar/

para moderar na terminologia/

se no paraíso queres entrar/

ao invés de entrar numa fria/

Desde já aconselho/

o que podes entender por mote/

eu chego a ficar vermelho/

vendo rasgado esse teu decote/

E também tua flertação/

é algo que me preocupa/

pois leva à tentação/

que se vê sem uma lupa/

Prepara-te assim pra seguir/

o que te aconselha este frei/

teus pecados eu vou remir/

se te juntares à minha grei/

Levo-te à sacristia/

que da clausura é caminho/

lá terás toda alegria/

vendo Jesus e seu pintinho/

E pra livrar-te da concupiscência/

para ti estipularei/

uma branda penitência/

aprovada por Cristo-Rei/

E ao cabo de nosso tratado/

humilde, vou te sugerir/

beija meu sacro cajado/

e gozo divino irás sentir/

Compungida, e convertida, de Monay promete adeus à luxúria:

Meu bom senhor frei Dimão/

Devota que sou com fervor/

Peço-lhe que me dê a mão/

Mas não me ponha no seu andor/

Sou angelical e mui meiguinha/

Mas quero orar na sua cartilha/

Então ajude a consagrar essa santinha/

Que logo após serei tua fiel "filinha"/

Não me deixe cair em tentação/A

o tentar mostrar o decotão/

Fiz sem pensar nesse rasgão/

Então me dê a tua comunhão/

Sei que sou uma filha arredia/

Então não me deixe nessa agonia/

Porém, não quero rasgar fantasia/

E vou pular com frei até meio dia!/

E já que me ofertou ser o meu salvador/

Deixe-me apressar que tô com calô/

Vou tomar um banho de regadô/

E o senhor por favor, venha de caô/

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 09/10/2014
Reeditado em 09/10/2014
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