CORDEL – Mote – A macaxeira empinada – De dura nunca encolhia – 27.09.2014
CORDEL – Mote – A macaxeira empinada – De dura nunca encolhia – 27.09.2014
Seu Mané era um pequeno agricultor, cuja maior dedicação era o cultivo de mandioca, juntamente com a família, sendo sua mulher, Maria da Glória, uma especialista na matéria. Produto aproveitável em várias utilidades, dele não se perdendo nem a casca, nem o talo, o caule e muito menos a raiz, que é a própria colheita. Muita gente adora aquele fruto que cozinha bem, racha e fica macio para se comer com galinha, carne de charque, carne de sol, etc. O bolo da macaxeira é deveras saboroso, também muito apreciado em todas as fases do ano, notadamente nos festejos juninos. A farinha de mandioca não pode faltar na mesa dos nordestinos. A fécula serve até para alimentar crianças, fortalecendo-as nos primeiros anos de vida. As padarias, em geral, utilizam a mandioca para misturar ao trigo, a fim de baratear seus custos, em face de ainda dependermos da importação desse produto, ora da Argentina, ora do Canadá. Sabe, a tapioca com coco ralado tem um sabor extraordinário. . Também conhecida como mandioca, aipim e outros termos tem valor especial na culinária nacional.
Não vamos aqui querer ensinar a ninguém sobre as diversas utilidades desse produto que, além de tudo, não gosta de muita chuva, daí dizer-se que o homem do campo daqui do nordeste tem de reservar um pedaço de suas terras para plantar esse resistente tubérculo. O termo mandioca é utilizado à vontade em anedotas e piadas de duplo sentido. O meu velho pai, por exemplo, plantou macaxeira no quintal de lá de casa; o resultado foi tão surpreendente que todo mundo lá na vila provou da mandioca do papai.
INão vamos aqui querer ensinar a ninguém sobre as diversas utilidades desse produto que, além de tudo, não gosta de muita chuva, daí dizer-se que o homem do campo daqui do nordeste tem de reservar um pedaço de suas terras para plantar esse resistente tubérculo. O termo mandioca é utilizado à vontade em anedotas e piadas de duplo sentido. O meu velho pai, por exemplo, plantou macaxeira no quintal de lá de casa; o resultado foi tão surpreendente que todo mundo lá na vila provou da mandioca do papai.
Aqui no nosso nordeste
De camponeses sofridos
Esses caras duma peste
Que quase sempre esquecidos
Trabalham de madrugada
E sem nenhuma agonia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
II
O aipim do seu Mané
Era muito procurado
Pois duro e sempre de pé
Pelo povo apreciado
Mulheres apaixonadas
Buscavam em romaria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
III
Dona Maria da Glória
Esposa bem assumida
Que sempre contava estória
Muita vez enlouquecida
Era longa a sua estrada
De fogão muito entendia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
IV
Mas ela com paciência
Ficava de prontidão
E pedia por clemência
Não aceito decepção
Sofria muito cansada
Sua dor de lombalgia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
V
Mas ela muito sabida
Aprendeu logo o segredo
Separou lá na subida
E cuidava muito cedo
Variedade que racha
Que só mesmo ela sabia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
VI
Logo levava vantagem
Na hora de cozinhar
Fazia por amostragem
Sabia bem separar
Parte mole uma camada
A dura também mexia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
VII
Escolhia sempre a dura
Pra na hora do jantar
Quase sempre com ranhura
De noite queria usar
Mané não dizia nada
Sua mulher escolhia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
VIII
Enquanto a meninada
Corria com apetite
A velha dava risada
E recusava o convite
Ficava meio afastada
Vendo tanta alegoria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
IX
Depois da turma jantada
Ia brincar no quintal
A velha sempre calada
Descansar senão faz mal
Depois de hora passada
Ela então se recolhia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
X
Mané também entendia
Das loucuras da madame
Era só o que queria
Assim não há quem reclame
Com a porta bem trancada
Faziam estripulia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XI
Ela bem apaixonada
Parecendo uma donzela
Como bela namorada
Nadava no mela, mela,
Parecia uma tourada
A cama logo tremia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XII
Por vezes ela mordia
Aquela feliz mandioca
Com muita democracia
Que parecia uma broca
De ponta bem afiada
De longe chega zunia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XIII
E na orgia ficavam
Era grito de lascar
Os meninos se abismavam
Deixando os velhos brincar
Da Glória de perna inchada
Que quando roçava ardia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XIV
E terminado o paleio
Os dois cansados na cama
Amanhã tem mais recreio
Com aquela mulher dama
Pois que sofria abaixada
Com muita disenteria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XV
A vizinha bem notou
A tal velhinha contente
E de logo perguntou
Conta-me que estou carente
Fumando deu a tragada
Seu rosto só alegria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XVI
E por que não me contava?
Essa bendita jogada
Achou que não aguentava
Pois vou comer ela assada...
Com carne bem preparada
Daquela bem mais macia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XVII
Achei você tava velha
Não aguentava o rojão
Só em mim você se espelha
Não mate o pobre João
Seu marido é camarada
Tem muita diplomacia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XVIII
Estava feita a receita
Pra sua amiga decente
Agora que ela se ajeita
E vai ficar saliente
Vai perder sua papada
E gozar como guria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XIX
Mas a comadre sabida
Somente pra endoidar
Deu uma parte colhida
E mole pra cozinhar
Ela voltou arretada
A papa só derretia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XX
Comadre mas que frescura
O meu marido enlouquece
Teve acesso de loucura
Pensando: “Ele não cresce”
Colocando uma pomada
Nada fez, só calmaria,
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXI
Foi somente brincadeira
Eu te dei a que cozinha
Deixa logo de besteira
Que hoje te dou da minha
Mas não fique alucinada
Não coma feito fatia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXII
A velha saiu contente
Hoje tiro o meu atraso
Ficou assaz caliente
Vou nadar até no raso
Vou abusar da braçada
E sorrir lá na bacia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXIII
À noite somente grito
Oriundo da vizinha
Sofrendo com seu maldito
Pena alguma ele não tinha
Que de tanto reboliço
De gozo também rugia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXIV
A notícia se espalhou
Chegando até no Japão
Que um emissário mandou
Pra fazer importação
Comprimidos, que jogada!
Pro mundo que já sabia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXV
Tesão jamais faltaria
Ao homem pobre coitado
Um comprimido por dia
Era um assunto encerrado
A receita fabricada
Que ninguém mais discutia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXVI
Mas é bom não esquecer
O mingau de mandioca
Muito forte pra valer
Quem gosta é o carioca
Dá sustança na cambada
Pode brincar todo dia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXVII
O pó dela também serve
Pra remédio preventivo
Nem precisa entrar em greve
Não emprenha é garantido
Porém não seja adoidada
Ensine pra sua tia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXVIII
Da casca se faz ração
Pro gado matar a fome
Eu lhe digo de antemão
Quem é doido não consome
Mulher fica extasiada
Saiba vossa senhoria
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXIX
O leite desse produto
Branquinho e quase pastoso
Pro sujeito que é arguto
Tem um poder fabuloso
Comendo pela beirada
Gemendo de regalia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXX
Mas Da Glória até tentou
Vestir uma camisinha
A danada se rasgou
E sem sucesso a bichinha
Ficou bem angustiada
Sem saber o que fazia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
XXXI
Foi leite pra todo lado
Até o teto atingiu
O lençol todo melado
A mancha nunca saiu
Ficou toda embaralhada
Com seu bucho que crescia
A macaxeira empinada
De dura nunca encolhia
Fonte da foto: INTERNET/GOOGLE (Autorizada) - Uma raiz de macaxeira de formado estranho.
Ansilgus
11/10/14 - Miguel Jacó
Um produto garantido,
Para toda a região,
Toda mulher sem marido,
Podia lançara a mão,
Com sigilo preservado,
E profunda serventia,
A MACAXEIRA EMPINADA,
DE DURA NUNCA ENCOLHIA.
Também as meninas novas,
Com todo o viço do mundo,
Quando caiam na prosa,
O assunto era fecundo,
Bradava com galhardia,
Numa conversa aprumada,
A MACAXEIRA EMPINADA,
DE DURA NUNCA ENCOLHIA.
Foi tomando contingência,
E lastrou-se no cerrado,
Havia profunda crença,
Já em todo povoado,
A donzela mas prendada,
E a mulher que se vendia,
A MACAXEIRA EMPINADA,
DE DURA NUNCA ENCOLHIA.
A desgraça começou,
Quando a madre ao saber,
Enredou seu grande amor,
Mas ninguém podia saber,
Contratou um camarada,
E este sempre lhe comia,
A MACAXEIRA EMPINADA,
DE DURA NUNCA ENCOLHIA.
Bom dia Ansilgus, meus parabéns pela instigante cadeia de cordéis.
20/10/14 - José Humberto da Silva interagiu assim:
Quando a raiz é ruim
ela cozida amarga
Fora do geladeira
Rápido ela estraga.
Amigo agora lhe digo:
A raiz bem cozinhada
Com manteiga é delícia
E carne de bode assada.
Muito grato meu amigo.