Tico e Teco
São tal ferragem de vigas
Fios encapados, soldados
São, quase sempre, calados
E se falam é tudo óbvio
Sabia-se e não se importam
Tal aba que não se recorta
Presença infecta à porta
Enquanto há sustentação
Desses ferros nas pilastras
Gente séria e aguerrida
Que se encontra nas desgraças
Talvez haja esperança
Porque gente de confiança
Ainda deve haver na praça
Há vizinho, uma trupe
Um parente que se escute
Alardear inversões
Mil diretorias sérias
De empresas de renome
Por onde se esconde a fome
De desvios de padrão
E pensar que a base pobre
Desprovida de consciência
Do papel que a competência
Iria lhe conferir
Vai com muita sede ao pote
Por não saber dar o bote
E se entala pra engolir
O que permeia as notícias
Com seu invisível manto
Não é senão as malícias
De fraque, pompa e encanto
Transitando em língua pátria
Amiga fiel das práticas
Que comovem com seu mantra
O mal de não ter saída
Não é saber que não tem
É pensar que está na ida
Seja lá quem seja o alguém
Quem sabe um dia distante
Com reflexões mais sérias
Essa certeza não vem?
Porém, como ia dizendo
O que se passa com os grupos
É que não se sentem células
De um organismo maior
São mais viroses mutantes
Bandoleiros itinerantes
Infiltrados como pó
São famílias respeitáveis
Com tentáculos e ventosas
Sitiando seus estados
Com sua força poderosa
Autointitulados entes
Convencendo os inocentes
Que a regra velha é nova
Em meio a tantos meliantes
Dos dois lados, em cima e em abaixo
O recheio bom se acanha
Mexido no mesmo tacho
A verdade se emaranha
Numa confusão tamanha
Que já se espera o fiasco
Certamente é perder tempo
Sangrar rima torrar verso
Afinal quantos poetas
Nesse tema fez dar certo?
Deu em nadica de nada
Despender pra essa empreitada
Foi só queimar tico e teco