O lugar dos ideais

Uma casa foi descrita

Num lugar do universo

Na moldura estava escrita

Tudo em forma de verso

Por uma mulher aflita

Que fugia de um perverso.

Nas estrofes da moldura

Escreveu uma oração

Usando a palavra cura

Que achou no coração

Usando a sua voz pura

Implorava por perdão.

O perdão que implorava

Era por ser a senhora

De um povo que a amava

E que por justiça implora

Vi que ela implorava

Por alguém que hoje chora.

Eu tentei me aproximar

Mas depois ouvi dizer

Não tente nada mudar

Muito há pra se fazer

Se puder me ajudar

Vou na certa agradecer.

Meu instinto maternal

Fez de mim batalhadora

Nunca quis fazer o mal

Sempre conciliadora

Acabei sendo ao final

Do povo a governadora.

Eu pagava o tratamento

Que havia disponível

Recusava o pagamento

Para mim era possível

Era um divertimento

Ver o povo em alto nível.

O meu trabalho era feito

Como um apostolado

Era feito sem defeito

Se possível melhorado

O que não era perfeito

Era logo recusado.

Assim era respeitada

Sem dinheiro, porém rica,

Tinha tudo sem ter nada

Tomava banho de bica

Quando ficava enjoada

Tomava chá de arnica.

Comunguei os pensamentos

Com o povo que eu tinha

Resolvi os juramentos

Com a palavra que era minha

Perdoei os pagamentos

De quem vivia sozinha.

Escutei meus desafetos

Perdoei suas intrigas

Dispensei muitos afetos

Dados por falsas amigas

Recusava os objetos

Para assim evitar brigas.

No palácio do governo

Sempre fui reconhecida

Como dama de um ermo

Ao qual eu doei a vida

E também levei a termo

A palavra prometida.

Minha vida não foi glória

Muito menos depravada

Talvez de pouca vitória

E por isso desprezada

Se a luta foi inglória

Não será ignorada.

Minha luta terminou

Quando eu quis me casar

Alguém que me conquistou

Recusou ser o meu par

Tudo que ele falou

Foi para me criticar.

Meu marido não me quis

Por eu ser a governante

Reprovou o que eu fiz

Diz que sou ignorante

Na verdade o que ele diz

É porque estou distante.

Então fiz o juramento

De cuidar só do meu povo

Garanti o alimento

Não apenas pão com ovo

Encontrei no firmamento

O razão de um mundo novo.

Hoje estou na minha casa

Feita com meus ideais

Onde a vida não atrasa

Não se fala em cabedais

Onde tudo que se apraza

São palavras informais.

Esta é a minha vida

Feita de trabalho duro

Nele encontrei saída

De um quarto sempre escuro

Saí sem ser percebida

E fui pra lugar seguro.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 03/10/2014
Reeditado em 03/10/2014
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