PELEJA NA FEIRA (VII)

F. Mozart

A urupema e gamela

Simbolizando o mangaio

Marca maior dessa feira

Junto com couro e balaio

Com o mercadão do sexo

Na Rua 13 de Maio.

A memória, como um raio,

Leva à cena social

Dessa feira nordestina

Sua arte artesanal

Sua origem econômica

E cultura sem igual.

Começou com um curral

Antiga feira de gado

Da Itabayanna de então

Um simplório povoado

Às margens do Paraíba

Ficava localizado

No caminho do roçado

Para o brejo e o sertão

Dos vaqueiros tangerinos

Na longa penetração

Desse gado pioneiro

Para aquela região.

Dessa aglomeração

Surgiu este povoado

Nas margens de um bom rio

Matando a sede do gado

Florescendo uma aldeia

Como humilde arruado.

Depois do tempo passado

Desde a Missão do Pilar

Como nos conta a História

E cultura do lugar

Foi se formando esta feira

Que veio bonificar

O progresso do lugar

Com a sua economia

Onde vultosos negócios

Eram feitos todo dia

Sendo que na terça-feira

Chegava a mercadoria

Do varejo e hospedaria

Era aberta ao visitante

Que jogava seu dinheiro

Nesse meio circulante

Causando grande progresso

Essa riqueza abundante.

Economia arrogante

Dos reis do gado vacum

Que acendiam charutos

Ostentação incomum

Com notas de cem mil réis

Sem obséquio nenhum.

De batata a jerimum,

Carne seca, mel e fava,

Até panela de barro

Que o povo fabricava,

O comércio prosperou

Entre aquela gente brava.

Enquanto o gado desbrava

Criando prosperidade

Já a civilização

Chegava nesta cidade

Com jornais, livros, escolas

Dando notoriedade

Sander Lee:

Falo da sociedade

Na sua idade madura

A loja de Saturnino

Tinha grande estrutura

E no tempo de Nabor

Se conhecia fartura

Pecuária, agricultura,

Oriundas do lugar

Preenchiam o mercado

Suscitavam lupanar

Dinheiro corria a rodo

Diz Adauto (ao engraxar)

O sino a badalar

Anunciando a hora

D. Amélia no mercado

Buscando a sua melhora

Bacalhau, carne de charque,

Embrulhava sem demora

Petronilo vende a tora

Para o palco circense

Dr. Washington ouvindo

Uma valsa vienense

Arnaud Costa estudando

Velha prática forense

Topada quase convence

Com o disco da Paixão

Zé de Joca passa ébrio

Dirigindo o caminhão

E a D. Menininha

Ensina e vende Caixão

E toda fascinação

Vinha do Cine ideal

Anthony Steffen dispara

Com mira fenomenal

Vejo em Ennio Morricone

Maestro sensacional

Sophia Loren é real

À cobiça do menino

E a Brigittte Bardot

Faz do mundo feminino

Um céu nascendo na terra

Aguçando o meu tino

Lá vem seu Mané de Tino

Atrás de Artur Fumaça

A Barraca da Verdade

Cujo cerne é fazer graça

Baeta dá em Diaba

Uma pisa em plena praça

Zé Maria chama Graça

Para ajudar no cartório

Seu Silva impede Maurício

Reis ficar no dormitório

De lê o Israelzinho

Foi parar no sanatório

Pra que esse mictório

Perto da Delegacia?

Desmerece a cidade

E afasta a freguesia

Assim, Jair e Jaíde

Vão mudar a Drogaria

Vem o mágico Alegria

Tirar dinheiro da planta

Galinha de capoeira

Com inhame para a janta

Agora lembro Aderlindo

Bebendo whisky com fanta

A saudade agiganta

Toda essa minha memória

Não sigo a cronologia

Para contar a história

Vou oscilando entre os tempos

Sem a formal divisória

Ainda lembro a vitória,

Quando doze anos tinha,

De Batista Santiago

Que em cima do Jeep vinha

Como quem diz para o povo

Agora a ordem é minha

Itabaiana, a Rainha,

Que teve jornal diário

Atraía, certamente,

Quem tinha ardor literário

Mas ofertava também

O sal do seu balneário...

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 28/09/2014
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