QUE SÓ LEMBRO NO RETRATO DO MEU AMADO SERTÃO.

Manoel cruzou o sol

Num rasgo mais amolado

Quando caiu arrebol

Senti corpo laminado.

Então eu vi Severina

Cruzar o Capibaribe

Como soldado na sina

Que a guerra com fel inibe.

Depois vi o Conselheiro

Na frente da multidão

Levantava o vermelheiro

E inundava o Sertão.

Tinha verso e cantoria

Tinha folguedo e paixão

Um rastro de poesia

Viola, rima e canção

Mas tinha um cheiro de mato

Que só lembro no retrato

Do meu amado Sertão.

De longe ouvi Virgulino

Acordando madrugada

Da igreja ouvi Silvino

E fugia em disparada.

Cancão pintando miséria

Em uns cabrabestalhados

João Grilo passando a perna

Em rico e pobre coitado.

Senti o cheiro do chão

E a semente não vinga

Foi rastro de solidão

E fumaça na Caatinga.

Tinha verso e cantoria

Tinha folguedo e paixão

Um rastro de poesia

Viola, rima e canção

Mas tinha um cheiro de mato

Que só lembro no retrato

Do meu amado Sertão.

Boa Vista, 26 de setembro de 2014.

Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leonardo Costa de Oliveira em 26/09/2014
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