BRASIL COM "S" CURVAS DA CIDADANIA - A TESE.
I
Olha aqui as grandes curvas.
Praxe de gente graúda
Que finge ser cidadã
Mas sofre de falha aguda.
Defeito que vem de berço
De honra nasceu desnuda.
II
No rastro desse passado
Ainda não tão distante.
A metade de um milênio
É vivência aspirante.
De povo preso às origens
Sem alcance do mirante.
III
Pra ver luz no fim do túnel
Quinhentos anos é pouco
Muita briga sem destino
De povo cego bem mouco
Que busca rumo tomar
Em aflição feito louco.
IV
Pra viver de poucos anos:
Só tempo como refino.
Pena de quem vive hoje
Juntos cumprir tal destino.
Tem em morrer, a saída:
Da vida ainda menino.
V
Não é sina de pesar
Ou vagar em desatino.
É tarefa de quem vive
Descascar esse pepino.
Vivo honrar compromisso
De concorrer no refino.
VI
Vem da tese ao ordinário
O peso de três mazelas:
Saúde e educação
E segurança são elas.
As três se abrem em leque
Com outras lá dentro delas.
VII
Pra todas tem solução:
Não basta querer mudar.
É troca muito difícil
Nó ruim de desatar.
Gente perdida sem rumo
E santo para ajudar.
VIII
Só diabo encardido
Travestido de paterno
Tem igreja de parceira
Atados, nesse inferno.
Vêm assim desde o reinado
Esse viver subalterno.
IX
Muito pouco de barganha:
Parir, povoar o mundo,
Comer, dormir feito bicho,
E caminhar vagabundo:
Presa da própria sorte
Num padecer infecundo.
X
Ser pobre é natural
Mas, teimosia não sei.
É preciso ler os sinais
E não ser fora da lei.
Dar cria nunca foi simples:
Pra ser um bom pai, avisei.
XI
Pra ser pai de gabarito
Precisa ser responsável
Não deixar filho na rua
Numa vida miserável.
Entregá-lo à justiça
Para adoção amigável
XII
É tarefa do Estado
Tirar criança na rua.
Levar os pais à justiça
E se não agir, pactua.
Cabe ação popular
Pra forçar lei que autua.
XIII
O País já não suporta
Viver de tantos escravos.
É triste vê-los vagando
Presos a grandes conchavos.
Nas ruas, praças e becos,
Sem chance pra desagravos.
XIV
Duzentos e três milhões:
O que fazer dessa gente
Empilhada nas favelas?
Forma de vida pingente
Vítimas de velhas crenças,
Nascidas por acidente.
XV
Na ressaca da colônia
Tem o viver alegórico.
Rebentação de três raças
Nesse passado histórico.
Igualdade de direitos
Só no discurso teórico.
XVI
A loca nacional
De grande não cresce mais.
Pede mudança de hábito
Que já vem tardia demais.
Controlar natalidade
É desafio pros casais.
XVII
Enquanto trabalhador
Não souber se ajustar
Às lições do capital,
Jamais vai se abonar.
Vai sofrer sempre de susto
De só para trás, andar.
XVIII
O bicho do capital
Tem fome que apavora
Não poupa ninguém na selva
Tortura, mata, devora.
Nem ar, no espaço sobra.
A lei do cão é senhora.
XIX
Tem os herdeiros da corte
Donos do chão e chicote
Capitalistas no cerne
Pedindo que nele vote
Jurando ser democrata
No tolo passando trote.
XX
Uns pedem socialismo
Dizem ser algo divino.
Junto com democracia
É sistema muito fino,
Mas esconde que por trás
Tem um ditador cretino.
XXI
Outro vem mais radical
Desfilar de comunista.
Jura ser a panaceia
Um regime pra frentista.
Por que não muda pra China?
E lá, vai ser ativista.
XXII
Na época eletiva
Não se vê tal diferença
Misturam todas as siglas
Por ser boa recompensa
E de suas consciências
Assim, requerem licença.
XXIII
Não esquecer os milicos
Que já posaram de rei.
Galhardeando escalpos
Pauta de decreto-lei.
Vencidos pelos seus erros
Hoje são foras-da-lei.
XXIV
São máscaras de papel
Disfarce de picareta.
Bobagens de grande porte
Que põe Brasil na roleta.
Curvas da cidadania,
De quem nasceu na proveta.
I
Olha aqui as grandes curvas.
Praxe de gente graúda
Que finge ser cidadã
Mas sofre de falha aguda.
Defeito que vem de berço
De honra nasceu desnuda.
II
No rastro desse passado
Ainda não tão distante.
A metade de um milênio
É vivência aspirante.
De povo preso às origens
Sem alcance do mirante.
III
Pra ver luz no fim do túnel
Quinhentos anos é pouco
Muita briga sem destino
De povo cego bem mouco
Que busca rumo tomar
Em aflição feito louco.
IV
Pra viver de poucos anos:
Só tempo como refino.
Pena de quem vive hoje
Juntos cumprir tal destino.
Tem em morrer, a saída:
Da vida ainda menino.
V
Não é sina de pesar
Ou vagar em desatino.
É tarefa de quem vive
Descascar esse pepino.
Vivo honrar compromisso
De concorrer no refino.
VI
Vem da tese ao ordinário
O peso de três mazelas:
Saúde e educação
E segurança são elas.
As três se abrem em leque
Com outras lá dentro delas.
VII
Pra todas tem solução:
Não basta querer mudar.
É troca muito difícil
Nó ruim de desatar.
Gente perdida sem rumo
E santo para ajudar.
VIII
Só diabo encardido
Travestido de paterno
Tem igreja de parceira
Atados, nesse inferno.
Vêm assim desde o reinado
Esse viver subalterno.
IX
Muito pouco de barganha:
Parir, povoar o mundo,
Comer, dormir feito bicho,
E caminhar vagabundo:
Presa da própria sorte
Num padecer infecundo.
X
Ser pobre é natural
Mas, teimosia não sei.
É preciso ler os sinais
E não ser fora da lei.
Dar cria nunca foi simples:
Pra ser um bom pai, avisei.
XI
Pra ser pai de gabarito
Precisa ser responsável
Não deixar filho na rua
Numa vida miserável.
Entregá-lo à justiça
Para adoção amigável
XII
É tarefa do Estado
Tirar criança na rua.
Levar os pais à justiça
E se não agir, pactua.
Cabe ação popular
Pra forçar lei que autua.
XIII
O País já não suporta
Viver de tantos escravos.
É triste vê-los vagando
Presos a grandes conchavos.
Nas ruas, praças e becos,
Sem chance pra desagravos.
XIV
Duzentos e três milhões:
O que fazer dessa gente
Empilhada nas favelas?
Forma de vida pingente
Vítimas de velhas crenças,
Nascidas por acidente.
XV
Na ressaca da colônia
Tem o viver alegórico.
Rebentação de três raças
Nesse passado histórico.
Igualdade de direitos
Só no discurso teórico.
XVI
A loca nacional
De grande não cresce mais.
Pede mudança de hábito
Que já vem tardia demais.
Controlar natalidade
É desafio pros casais.
XVII
Enquanto trabalhador
Não souber se ajustar
Às lições do capital,
Jamais vai se abonar.
Vai sofrer sempre de susto
De só para trás, andar.
XVIII
O bicho do capital
Tem fome que apavora
Não poupa ninguém na selva
Tortura, mata, devora.
Nem ar, no espaço sobra.
A lei do cão é senhora.
XIX
Tem os herdeiros da corte
Donos do chão e chicote
Capitalistas no cerne
Pedindo que nele vote
Jurando ser democrata
No tolo passando trote.
XX
Uns pedem socialismo
Dizem ser algo divino.
Junto com democracia
É sistema muito fino,
Mas esconde que por trás
Tem um ditador cretino.
XXI
Outro vem mais radical
Desfilar de comunista.
Jura ser a panaceia
Um regime pra frentista.
Por que não muda pra China?
E lá, vai ser ativista.
XXII
Na época eletiva
Não se vê tal diferença
Misturam todas as siglas
Por ser boa recompensa
E de suas consciências
Assim, requerem licença.
XXIII
Não esquecer os milicos
Que já posaram de rei.
Galhardeando escalpos
Pauta de decreto-lei.
Vencidos pelos seus erros
Hoje são foras-da-lei.
XXIV
São máscaras de papel
Disfarce de picareta.
Bobagens de grande porte
Que põe Brasil na roleta.
Curvas da cidadania,
De quem nasceu na proveta.