O CANGACEIRO SEVERINO FACA CEGA

CANGACEIRO SEVERINO FACA CEGA

A história que venho contar

É cheia de alegria e emoção

Também é de aventura,

Romance, ódio e paixão

É uma história que com certeza

Vai mexer com seu coração.

Essa história aconteceu

Há algumas décadas atrás

Quando achavam que o cangaço

Aqui não existia mais

Descobrimos um outro bando

Que acabava com a paz.

Como eu sei dessa história?

Agora eu vou lhe contar!

Eu conheci uma pessoa

Que esteve presente lá

E me falou tim tim por tim tim

Do que agora eu vou falar.

Quando achavam que

O cangaço tinha acabado

Um outro grupo deixava

Muita gente apavorado

Severino Faca Cega

Comandava esses malvado.

Severino Faca Cega

Nome que o cangaço deu

Nascido em Currais Novos

Lugar mesmo onde morreu

Provou do próprio mal

Dos crimes que cometeu.

Eles saiam apavorando

Os povoados e cidades

Levavam o medo e a discórdia

Em todas localidades

E faziam roubos e roubos

Se consumindo de maldade.

Faziam parte desse bando

Téteu, Cipó, Facheiro,

Meia noite, Xique Xique,

Acauã, Marmeleiro

Tinha garfada nos Zói

E Cascavel o traiçoeiro.

Rodavam todo o nordeste

Escapando de fininho

A volante nunca achavam

Nem os rastros no caminho

E assim eles viviam

Soltos como passarinhos.

Severino tinha esposa

Que o seguiu apaixonada

Filha de um fazendeiro

De uma terra abençoada

Lá pras bandas do Angicos

Até fugir, foi sua morada.

Duciléia era o nome dela

De beleza exuberante

E quando viu o severino

A paixão foi imediante.

Virou primeira dama

No grupo nesse instante.

E daí pra frente começou

Um sentimento de ambição

De inveja, raiva e ódio

Tomando o coração

De um dos cangaceiros

Começando a desunião.

Pois também o Cascavel

Tinha se apaixonado

Pela bela Duciléia

Que só queria o seu amado

Não tinha olhos pra mais ninguém

Que estivesse do seu lado.

Cascavel mesmo sabendo

Daquela enorme paixão

Um dia foi até Duciléia

E disse sem comoção

Que largasse o Severino

Que não à merecia não.

Duciléia se recusou

Então ele agarrou ela.

Um tabefe lhe foi dado

Um pouco acima da titela

E se quisesse continuar vivo

Que saísse de perto dela.

Depois disso nunca mais

Perto dela encostou

E Severino nunca soube

Do que Cascavel tentou

E Duciléia nem imaginava

O futuro que plantou.

Depois disso se passou

Uns dez meses corrido

E Duciléia deu a luz

Ao seu filho querido

E Severino logo sentiu

Algo nunca vivido.

Foi quando refletiu

Tudo aquilo que cometeu

Ao ver seu filho chorando

Ele pensou e resolveu

Em cuidar do seu Antonio,

Nome dado ao filho teu.

Dali pra frente começou

Os crimes ficar de lado

Severino só tinha olhos

Para seu filho amado

Foi o momento que Cascavel

Tinha mais esperado.

Então fez uma reunião

Com vários cangaceiros

E disse que o capitão

Não era mais companheiro,

Só tinha olhos pro filho

E esqueceu o bando inteiro.

Alguns não concordaram

E ele em seguida retrucou:

- Severino foi bom Capitão

Mas agora se acabou

Esquecendo do cangaço

E tudo que ele começou.

Agora estamos vulnerável

Pra volante nos pegar

E se isso acontecer

Sabe no que vai dar?

As nossas cabeças descepadas

Em Exposição a mostrar.

Mas Cascavel como é esperto

Disse: - Vocês tem razão,

Vamos dar mais tempo

Para o nosso Capitão

Vamos confiar nele

E esquecer essa reunião.

Infelizmente o Cascavel

já tinha preparado

Um terço dos cangaceiros

Que estavam do seu lado

E armaram uma armadilha

Para os pobres coitados.

No outro dia bem cedo

Cascavel então reuniu

Os seus amotinados,

Traidores que seguiu.

E terminando de contar plano

Um barulho ele ouviu.

Olhou pra loca de pedra

Aí foi que percebeu

Alguém que não fazia parte

Escutou o plano seu

Ficou com medo de estragar

O plano que escreveu.

Mandou dois cangaceiros

Com a vida dele acabar.

- O restante venha simbora

Pra podermos começar

Com o plano combinado

De Capitão eu me tornar.

Enquanto isso Severino

Curtindo o filho querido

E Duciléia sentindo

O seu peito dolorido

Dizendo que estava

Com o medo embutido.

Pouco tempo depois

O Meia Noite chegava

Avisando que a volante

Por ali se preparava

E que tinham descoberto

Onde o bando estava.

Severino disse: -Vamos todos

Emboscar essa volante.

E Meia Noite foi e disse:

- Meu Capitão é arriscante,

É melhor o Senhor ficar

O bando cuida num instante.

Fique aqui pra cuidar

Bem de sua família

Deixe que os outros

Acabem com alegria

Dessa volante que nos segue

Acabando com a harmonia.

Assim Severino fez

Ficando no acampamento

Em seguida se formou

Um cordão de isolamento,

Onde ali começaria

Todo o seu sofrimento.

Os cangaceiros que foram

A volante enfrentar

Tiveram uma surpresa

Quando chegaram lá

Tomaram uma chuva de bala

Sem nenhum vivo ficar.

No acampamento estava

uma grande confusão

Severino sem entender

Toda aquela revolução.

Quando chega Cascavel

Falando pro capitão.

Você foi bom Capitão

Mas ficou mole demais

E agora é a grande hora

De mudar esse cartaz

Da sua história de cangaço

Que não vai existir mais.

Severino gritando disse:

- Cascavel preste atenção...

Quando lhe foi dado

Um grande bofetão

Por que Cascavel que dizia:

- Não grite comigo não.

Então pegou a Duciléia

E disse: - Que grande beleza

Mas não quis ficar comigo

É uma pena com certeza;

Quando Cascavel passou a faca

Cortando dela a cabeça.

Severino chorando gritou:

- Cascavel, seu desgraçado,

Você vai pagar por isso.

Por esse sangue derramado.

Cascavel: - Põe na conta também

- O seu e de seu filho amado.

Meia Noite então levou

Os dois bem amarrados

E os prendeu numa algaroba

Para morrerem desidratados

De sede fome e calor

Em cima do solo rachado.

Assim foram largados

A uma sorte esquecida

Severino, e Antonio

Com poucos meses de vida

Morrendo de fome e sede

Uma morte bem sofrida.

Cascavel se tornou

Do Bando o seu Capitão

Mas não quis ter o mesmo

Nome do outro não

Se batizou Rasga Mortalha

Anunciador de confusão.

Severino e Antonio morreram?

Isso eu já não sei dizer

A história que me foi contada

Estou passando pra você.

Ate eu fiquei curioso

Desse final saber.

Obrigado minha gente

Aqui deixo o meu abraço.

Eu adoro escrever versos

Por isso amo o que faço

Essa foi a primeira história

Falando do Cangaço.

Leidson Macedo Felix

Capitão Jack
Enviado por Capitão Jack em 23/09/2014
Reeditado em 25/09/2014
Código do texto: T4973031
Classificação de conteúdo: seguro
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