CORDEL – Mote – Toda vez que eu a beijava – Ela logo me lambia – 15.09.2014
 
 
CORDEL – Mote – Toda vez que eu a beijava – Ela logo me lambia – 15.09.2014
 
I
Eu já mantive um namoro
Que me deixava feliz
Não por falta de decoro
Mas sim porque sempre quis
A garota que eu amava
Esperta na acrobacia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
II
Meu namoro liberal
Era tal faca no queijo
Nada tinha de anormal
Pois matava meu desejo
Cada dia que passava
Ela com sua ousadia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
III
Nossa amizade foi longa
Nunca fora pra casar
Mas o povo logo zomba
Pra poder esmiuçar
Mas ela firme aguentava
Do carinho não fugia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
IV
Mas ela se apaixonou
Gostava-me até demais
Nunca nada me negou
Pois eu era um bom rapaz
Os abraços que me dava
Tinha hora que tremia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
V
Estudante de direito
Era a primeira da turma
O seu beijo era perfeito
Portanto não há quem durma
Quando alguém me anunciava
Então era que se abria
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
VI
Mas o bom de tudo isso
Era que num descampado
Eu lhe beijava o toutiço
Dum jeito bem tresloucado
Mas ela sempre gostava
E muitas vezes sorria
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
VII
Uma vez foi no curral
Do quintal de sua casa
Não me leve assim tão mal
Porque meu corpo extravasa
Mas nunca ficava brava
Ela só obedecia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
VIII
Corria o namoro solto
No bairro o povo sabia
Em seu peito eu envolto
Era tudo o que queria
Nosso ambiente esquentava
Com aquela cortesia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
IV
A mãe dela uma coitada
Confiava no meu taco
Nunca ficou abalada
Nem me tomava por fraco
Ela nunca imaginava
Que naquela correria
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
X
A sua irmã bem mais nova
Olhava pra mim demais
Eu todo cheio de prosa
Nunca ligava, jamais,
Ela se desconcertava
Com aquela anomalia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XI
Até que uma vez então
Resolvi mudar de tática
Abrindo meu coração
Que era a coisa mais prática
E fiz o que ela sonhava
Mas sem qualquer covardia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XII
Com ela fiz um passeio
Pra uma cidade vizinha
Pra jogar todo paleio
Pois ela estava na minha
Sabia o que se passava
Disso nunca se esquecia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XIII
Mas eu ainda me lembro
Como se ainda hoje fora
Isso no mês de setembro
Servi àquela doutora
De tão bom ela implorava
Eita que mulher esguia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XIV
O nome dela Carminha
Cujo corpo escultural
Junto à vontade que tinha
Uma mulher ideal
Agora me procurava
Dia e noite, noite e dia,
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XV
A Carmela sua irmã
Como minha namorada
Sempre com aquele afã
Soube logo da mancada
E tão logo esbravejava
Foi tal qual alegoria
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XVI
Claro que não confessei
Porquanto doido não era
Na minha mãe nunca dei
Estou falando de vera
Minha vida esmiuçava
Parecendo uma vadia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XVII
Foi o dito por não dito
Ela então se convenceu
Sem precisar dalgum grito
Porém nunca esmoreceu
Uma mulher muito brava
Mas isso eu já antevia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XVIII
Mas o seu pai um velhinho
Doente e mal humorado
Sempre falando sozinho
Ao que parece enganado
Ele até nos vigiava
Por vezes até rugia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XIX
Foi então que uma vez
Ele debaixo da cama
Uma surpresa nos fez
Coitada da minha dama
Pois o colchão arranhava
A cama sempre rangia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
XX
Ele saiu como um louco
Gemendo de tanta dor
Sem falar e muito rouco
Entrego a Nosso Senhor
Do seu tempo se lembrava
E muita saudade havia
Toda vez que eu a beijava
Ela logo me lambia
 
Fico por aqui. Continuarei depois.
 
Meu abraço.
 
Ansilgus
 21/09/14 00 - Miguel Jacó colaborou assim:

Quando nasceu deu um berro,
Sem carecer tapa na bunda,
Era menina careca,
Não se chamava Raimunda,
Mas os pelos vicejavam,
Penugem já aparecia,
Toda vez que eu a beijava,
Ela logo me lambia.

Foi crescendo já mimosa,
Com cintura e belas coxas,
Seu semblante cor de rosa,
Desfraldava bela moça,
Não demorou já viçava,
E dava até pro vigia,
Toda vez que eu a beijava,
Ela logo me lambia.

Promiscua, mas requintada,
Escolhia suas vítimas,
Digo assim porque tragava,
Seus clientes com malícia,
No jeito que ela se dava,
Nem um macha resistia,
Toda vez que eu a beijava,
Ela logo me lambia.

Mas tinha seu lado bom,
Beata e religiosa,
Comungava aos domingos,
Com o vigário tinha prosas,
Da profissão não falava,
Pois este nunca deixava,
Por ela, não escondia,
Toda vez que eu a beijava,
Ela logo me lambia.

Boa noite Ansilgus, você hoje representa o cordel em sua mais legítima
contextualização neste recanto, parabéns pela primorosa cadeia de
cordéis, um abraço, MJ.

 
21/09/14 - Esther Ribeiro Gomes interagiu assim:

Eita cordel prá lá de bão, Ansilgus, vc é mesmo um mestre nessa arte!


'Essa doutora Carminha
é pra lá de assanhada
desde que era bem mocinha
se esfregava com a moçada.
Eu também a namorava
do seu charme não resistia
toda vez que eu a beijava
ela logo me lambia.
 
Gostava do coroinha
da missa nunca faltava
toda vez que ele vinha
jogava um beijo a safada
Ela era bem malvada
mas de mim não esquecia,
toda vez que eu a beijava
ela logo me lambia.
 
 Não sei se está certo, mas não resisti, amigo, Beijo e Paz, Esther.
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 20/09/2014
Reeditado em 21/09/2014
Código do texto: T4969676
Classificação de conteúdo: seguro
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