O VAQUEIRO QUE NÃO MENTIA
Há muito tempo passado
Numa fazenda existia
Um boi chamado Eleição
Um rapaz que não mentia
o Boi era estimação
E o vaqueiro a garantia
Numa aposta de eleição
Foi o bezerro ganhado
Por isso pelo seu dono
O nome a ele foi dado
O patrão considerava
Ser ele o melhor do gado
Conversava com um amigo
Quando o Vaqueiro chegou
Deu boa noite pra ele
Que ligeiro respostou
Também do boi eleição
Na hora lhe perguntou
Vai bem disse o vaqueiro
Com todo resto do gado
Foi saindo e o patrão
Disse - Ao amigo do lado
Meu vaqueiro nunca mente
Nele tenho confiado
Não há ninguém que não minta
- Seu amigo assim falou
Querendo aposto contigo
Metade dos bens te dou
Se teu vaqueiro não mentir
O fazendeiro apostou
Depois da aposta fechada
O amigo fazendeiro
Logo arranjou um meio
Para ganhar o dinheiro
Pediu ajuda a sua filha
Pra enganar o vaqueiro
Ela combinou com o pai
Que a melhor solução
Era seduzir o vaqueiro
E matar o boi eleição
Não dava pra não mentir
Sendo o boi de estimação
Ela foi para a fazenda
E lá fez sua morada
Se entregou ao vaqueiro
Como sua namorada
Depois fingiu-se de grávida
Armando-lhe uma cilada
Disse ela-Tenho um desejo
Que me corta o coração
Pra comer carne de gado
Só quero o boi eleição
Ele temendo o pior
Matou o boi do patrão
Terminou de almoçar
Foi ao gado dar de beber
Chegou ninguém tava em casa
Começou a perceber
Na armadilha que caíra
Seu patrão devia saber
Num mourão botou o chapéu
Como se fosse o patrão
Parou e deu boa noite
Dizendo o boi eleição
Morreu com a mão quebrada
Caindo num boqueirão
disse - Essa é furada
Tornou voltar novamente
Riscou bem junto ao mourão
Falando ali frente a frente
Seu boi eleição morreu
hoje repentinamente
Muitas tentativas fez
Pra mentir não conseguiu
Embora custasse caro
Ele que nunca mentiu
Foi encontrar o patrão
Da verdade não fugiu
Chegando ele as pressas
Na casa do fazendeiro
Deu boa noite ao patrão
Que respostou ao vaqueiro
E notícias do seu boi
Já foi pedindo ligeiro
Desmonte e vá me dizendo
Como vai meu Eleição
Seu Boi patrão eu matei
Foi causa a desejação
Me diga quanto é que custa
Que eu pago o boi meu patrão
O amigo com a filha
Estavam ali esperando
Ela fingindo a barriga
Do vaqueiro e gargalhando
Porém ouvindo a resposta
Já foram se retirando
O patrão abriu os braços
Para o vaqueiro sorriu
E o pai da moça grávida
Tentou e não conseguiu
O vaqueiro teve tudo
Enfrentou e não mentiu