O mendigo.
Caros amigos e amigas do Recanto, apesar das aparências contrárias também os mendigos merecem uma homenagem afinal são, como todos, filhos de Deus mas, mais que nos, carentes, principalmente, de amor.
Sou mendigo, estou pedindo,
Que me estenda a sua mão
Meu viver vou construindo
Com o auxílio do irmão
A mim mesmo destruindo
Implorando um simples pão.
O amor próprio eu já perdi
O meu lar eu já não tenho
À família eu destruí
Pela falta de empenho
Hoje dirigindo a ti
Implorar favor eu venho.
Sou um pobre esmolador
Que outrora foi bom homem
Já dei muito o meu lavor
Para alguns que se consomem
Hoje aqui peço um favor
Para os meus que sequer comem.
Não me julgue um vagabundo
Sou tão só desamparado
Sou retrato de um mundo
Que está desesperado
Se o meu corpo está imundo
Só precisa ser lavado.
Não me negue o seu sorriso
Pois sorrir sequer eu sei
Posso dar um bom aviso
Sobre a dor que eu encontrei
Meu viver é bem conciso
Perco a luta que travei.
Tenho os dedos calejados
Muitas chagas pelo corpo
Os joelhos machucados
Por andar com o pé torto
Tenho os meus olhos inchados
Por chorar pelo irmão morto.
Já perdi a consciência
Nada espero senão dor
Esqueci a inocência
Dessa tiro o meu pudor
Já não tenho competência
De buscar algum labor.
Todos os meus antepassados
Foram bons trabalhadores
Nesses tempos já passados
Foram todos lavradores
Comeram os pães amassados
Pelos muitos cobradores.
Muitos campos prepararam
Espalharam a sã semente
As lavouras capinaram
Sob a chuva e o sol quente
Muitos deles muito amaram
Outros ódio e tão somente.
Não tiveram o próprio solo
Ao qual deram a própria vida
E se hoje aqui esmolo
Sou o que sobrou da lida
Se no álcool me atolo
Esse é minha guarida.
Tudo que na vida passo
São degraus da mesma escada
Se o meu papel é crasso
No destino dou passada
Se me nega o seu abraço
Sigo a minha caminhada.
Tudo aquilo que for dito
Por algum triste esmoler
Não será dito maldito
Não fará um mal qualquer
Fica o dito por não dito
Vou aonde Deus quiser.