MENTIROSA

PEDRA- PE, 13 de dezembro de 2000.

Às vezes tão humilhado,

Às vezes abandonado,

Porque lhe havia declarado

Todo meu profundo amor,

Um sentimento esplendor

Que eu tive na minha vida,

Que por ele foram vencidas

Minhas palavras matutas,

Emoções absolutas

Em lágrimas foram rendidas!

Às vezes tão deprimido.

Às vezes enfurecido

Não chorei adormecido

Pensando em seu abraço.

No seu corpo um mormaço

Enlouquecia a brandez

Num lugar que muita vez

Declarei meus sentimentos

E em troca os sofrimentos

Deturpava-me de vez.

Foi difícil o talvez

Que ouvi por muita vez.

Foi injusto o que ela fez

Ao meu pobre coração;

Falara de uma paixão

Em sentimentos afáveis

E em palavras agradáveis

Seduzia-me tanto.

Que eu caí em quebranto

Em propostas inevitáveis.

Quantas vezes em serão

Eu não fazia sermão?

Eu vi muita a solidão

Passar por entre paredes.

No meu leito não há redes

Para serem massacradas.

No fundo ouço risadas

Que me criticam tanto

No íntimo soava o pranto

Em frases martirizadas.

Quantas cartas sublinhadas,

Algumas embaraçadas

Não lhe dei de mãos beijadas

Para lhe esclarecer tudo?

De respostas um absurdo

Foi de matar coração:

Quem sabe, talvez ou não

Foi sua frase querida.

Que hoje a minha vida

Chora de decepção...

Quantas vezes o coração

Deprimiu-se em aflição,

Sofreu muita humilhação

Em seu frágil interior.

No meu peito uma dor

Sugava minha alegria.

Ressonava a agonia

Em cada pranto qu’eu derramava

Tê-la ainda a desejava

Em meus braços cada dia.

Às vezes tão matutino,

Às vezes sem ter destino

Tornei-me um menino

Nas rédeas da solidão.

Estou em um alçapão

Feito um passarinho perdido.

Às vezes tão ofendido

Embriagava-me tanto

Que hoje o meu encanto

Ressoa arrependido.

Quantas noites mal dormidas;

Quantas frases entristecidos,

Algumas tão florescidas

De palavras tão singelas.

Quantas serenatas belas

Eu quis lhe oferecer.

Quantas vezes me vi sofrer

Dentro desse labirinto.

Hoje assim me sinto

Um réu desse padecer.