A INGRATIDÃO DE UM FILHO

Uma mãe bem virtuosa

Foi tão cedo abandonada

Ficando só na pobreza

Duma luta bem pesada

Tendo que ser pai e mãe

Com três filhos na parada

As meninas e um menino

Confiar em Deus divino

Era este o seu destino

Naquela dura jornada

Com a ajuda do padrinho

Pode o menino estudar

Na capital do Estado

Tendo ela que trabalhar

As filhas lhe ajudavam

Para a casa sustentar

E dando um duro danado

Na faxina e com lavado

Serviço muito pesado

Sem ter pra quem reclamar

O filho estudou bastante

Até que ficou crescido

Porém da mãe e irmãs

Logo ficou esquecido

Não queria mais, voltar

Pro lugar que foi nascido

Tornou-se um advogado

Pra política foi levado

Sendo eleito deputado

Ficando assim envolvido

Quando voltou pro sertão

Uma chácara construiu

Para a mãe não contou nada

Mas sem querer ela viu

Do banquete com os amigos

Ela também descobriu

Ele esqueceu da pobreza

Se envolveu com a nobreza

Ela com tanta tristeza

Dor no coração sentiu

Sem o sacrifício delas

Ele não tinha estudado

Ela pensando nas filhas

Que trabalharam pesado

Agora serem excluídas

Depois dele está formado

Convidou as duas filhinhas

Eram: Joaninha e Doquinha

Dizendo amanhã bichinhas

Vamos ver o deputado

Assim chegaram bem cedo

Quando amanheceu o dia

Ficaram bem escondidas

Num quarto bom que havia

A governanta da casa

Deu a elas garantia

Desta forma aconteceu

que o filho não percebeu

Por que o destino seu

Só a mãe dele sabia

Com cuidado observando

Tudo quanto se passava

Daquele grande banquete

Que a casa preparava

Como a mãe era sofrida

Todo seu peito sangrava

Quando o almoço chegou

Ele os amigos chamou

Na mesa a mãe avistou

Que como louca gritava

Sentada a mesa bradando

Ninguém esqueçam meu nome

Lá em casa há muitos dias

Nossa família não come

Olhava as filhas e dizia

Nenhuma aqui me embrome

Come, come, Joaninha

E você também Doquinha

Que se não comer filhinha

Nós vamos morrer de fome

E pondo as mãos na comida

Em todos os pratos botando

No seu e no das filhinhas

E a mesa lambuzando

Comendo e mãos na boca

A mesma coisa falando

O filho nem quis sentar

Só fez ali convidar

Os amigos e se retirar

A mãe dele observando

Quando foi no outro dia

Uma grande surra deu

Em Joaninha e em Doquinha

Que a mãe dele adoeceu

Devido o grande desgosto

Três dias depois morreu

Por sua mãe ter falecido

Ele foi muito atingido

Ficou muito deprimido

E com isso enlouqueceu

J Edimar
Enviado por J Edimar em 10/09/2014
Reeditado em 10/09/2014
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