O HOMEM DA ROÇA
A preguiça tem sintoma
Com sensação genial
Dizem que vem do demônio
Que é a fonte de todo mal
Trabalhar com preguiçoso
Não há quem ache legal
José foi rei da preguiça
Nunca ele quis trabalhar
Mesmo sendo lavrador
Gostava só de amolar
Ferramentas todo dia
Somente pra emprestar
Mas trabalhar no roçado
Oh! coisa que não gostava
Falava – Vou amanhã
Quando a mulher pelejava
Mas de casa não saía
E ela ainda acreditava
Porém tudo um dia muda
Assim mesmo aconteceu
Disse - Vou botar uma roça
É esse o desejo meu
Vai ser grande a colheita
A mulher se convenceu
Ela criava galinhas
Numa enorme quantidade
Disse ele - Quero um acordo
Por sentir necessidade
De almoçar todo dia
Um capão de qualidade
Como recompensa dou
A garantia um roçado
Contendo vinte tarefas
Procuro um mato fechado
Na colheita eu deixarei
Todo mundo abismado
Qualquer um sendo enganado
Precisando resolver
Um problema na família
Ouvindo, o outro prometer
Nasce nele uma esperança
Chegando a se convencer
Por causa disso a mulher
Não ousou duvidar dele
Conhecia ele o bastante
Mas preferiu ouvir ele
Achando o suficiente
Para crer de novo nele
Ele combinou com ela
Que logo no o outro dia
Assim que amanhecesse
Levava ela em companhia
Para escolherem o lugar
Onde a roça o botaria
A mulher tão satisfeita
Vendo a conversa animada
Preparou logo um capão
Numa panela recheada
Para o marido comer
Depois ter grande noitada
Ele batia as mãos nos peitos
Em silencio dizia - Uai!
Comer do bom e melhor
É o que mais me atrai
Sem precisar trabalhar
Todo dia um capão sai
Depois que jantou bastante
A noite pouco dormiu
De manhã acordou cedo
As ferramentas conferiu
Tomou café reforçado
Pegou os ferros e seguiu
A mulher cedo fez café
Deitou - se ainda dormia
José saiu tão ligeiro
Bem satisfeito sorria
Pensando consigo mesmo
Deu do jeito que eu queria
Entrando de mata adentro
Encontrou um pau frondoso
Que tinha um tronco bem grosso
Pensou é maravilhoso
Faço um coxo muito bom
Pra dormir sono gostoso
Baixou o machado nele
Logo o cavaco subiu
Cortando até o meio dia
A metade garantiu
Vindo a mulher com almoço
Aquele salseiro viu
Mas, José muito sabido
Antes tinha combinado
Quando trouxesse o almoço
Havia um lugar marcado
Não enfrentasse garranchos
Dentro do mato fechado
Quando chegasse ao lugar
De longe o machado ouvia
O eco sobre a montanha
Toda mata respondia
Quem conhecesse José
Nisso não acreditaria
A mulher pensou consigo
- José não vai ter ninguém
Para ajudar botar roça
Vou tratá -lo muito bem
Vendo o que está fazendo
Prova que palavra tem
Quis atravessar o mato
Como estava demorando
Avistou-o muito suado
Foi logo lhe perguntando
Se ficava bem distante
Onde estava trabalhando
José respondeu pra ela
Não quero roça pequena
Tem que ser vinte tarefas
Pra poder valer à pena
Onde alguém colher dez
Desejo uma centena
Disse a mulher - Sendo assim
Faça lá como puder
Que importante é a roça
Se é grande que você quer
Cuide dela, e capão gordo
Tem na hora que quiser
José voltou pro serviço
Trabalhou o dia inteiro
Lavrou o pau bem lavrado
Fez um coxo bem ligeiro
Para poder dormir dentro
Tirando um sono maneiro
Todo dia ele ia pra roça
Mas quando chegava lá
Dizia assim esse pau
Também aquele acolá
Vou derrubar sobre os outros
E toda broca se fará
Hoje não vou fazer nada
Amanhã quando eu vier
Derrubarei todos os paus
Que nesse mato houver
Depois da manhã tá pronto
Só não! Se Deus não quiser
Assim passou vários dias
Quando na roça chegava
Pensava não vou agora
Um novo plano formava
Dizendo - Faço amanhã
Mas, a coragem não dava
Usando o coxo que fez
Passava o dia dormindo
Nessa moleza danada
Ele acabou conseguindo
Pegar a tal da morrinha
Esta foi lhe consumindo
Mas na hora do almoço
Corria igual um matreiro
Bastava à mulher chegar
Que estava no aceiro
Ao primeiro grito dela
Era o Cabra mais ligeiro
A mulher muito esperta
Começou desconfiar
Chegava antes da hora
Pra poder observar
Pois é impossível alguém
O tempo todo enganar
Ela gritava chamando
Cansou e não chamou mais
Saiu procurando ele
Por baixo dos matagais
Andou que cansou e da roça
Não encontrou nem sinais
Mesmo assim seguiu em frente
Avistou um pau cortado
Entrou do lado das galhas
Foi enxergando um lavrado
Do pau num grande coxo
Onde ele estava deitado
Dormindo um sono profundo
Sem dela, ter percebido
Sonhava até com os anjos
Acordou sendo agredido
Por a mulher que baixava
A mão no pé do ouvido
Sem ter o que conversar
Todo diálogo esgotado
Encontrou logo uma vara
Naquele mato cortado
Antes que ele levantasse
De vara tinha apanhado
Perguntou ele - O que é isso?
Ainda quase dormindo
Tentando se disfarçar
Fingiu que estava sorrindo
A mulher não deu atenção
Com varadas lhe cobrindo
Foi quando ele decidiu
Fugir para não apanhar
Levantou saiu correndo
Ela sem acompanhar
Mas ele enganchou nos galhos
Ela conseguiu pegar
Nunca levou tanta peia
Como apanhou nesse dia
Uma surra tão danada
Com vontade ela batia
Depois que cansou os braços
Arrependida sorria
Ficou ele acabrunhado
Com a surra que levou
Estava no chão sentado
Margareth o levantou
Agarrando na mão dele
Em seguida o abraçou
Dizendo assim - Meu querido
Perdoe todo mal que fiz
Por não ter me controlado
Tive a raiva que eu não quis
Conheço toda preguiça
E nunca fui infeliz
José lhe abraçou também
Chorando pediu perdão
Por causa da sua preguiça
Viveu sem ter condição
Não podia ter lhe enganado
Só para comer capão
A surra serviu de exemplo
O remédio que faltava
Pois depois daquele dia
Ninguém mais o encontrava
Para ter uma conversa
Ele em casa não achava
Alguém que não conhecia
Começou a ouvir falar
Porque José ficou rico
Depois que foi trabalhar
E preguiça na vida dele
Nunca mais achou lugar
Mas não foi a preguiça dele
Ou a roça que prometeu
Que deu – lhe o nome que tem
Falou bem quem o conheceu
Foi por enricar com roça
Que este nome recebeu
Sua esposa Margareth
Com José foi tão amável
Surrou tirou – lhe a preguiça
Fez - lhe homem responsável
Tornando a sociedade
Mais tranquila e mais saudável
F I M