Escolhendo Deus.
Escolhi meu deus a dedo
Porque sei que havia escolha
Não senti tristeza ou medo
Nem pedi que me acolha
Para a morte é sempre cedo
E a vida é como a folha.
Uma folha exposta ao vento
Caminhando sempre ao léu
Ignora o sentimento
Seque sabe onde é o céu
Vive o próprio esquecimento
Escondida sob um véu.
Pra ver Deus ela flutua
Sob as asas do destino
No saber jamais atua
É como o sol matutino
Que vai namorar a lua
Como se fosse um menino.
Depois da escolha certa
Um milagre então pedi
Eu vi uma porta aberta
Porém eu não entendi
Eu pensei ser coisa incerta
E por isso eu me perdi.
Vi um Deus amargurado
Sem falar ele dizia
Que estava incomodado
Com o que na terra havia
Precisava ser mudado
Ou então acabaria.
Mais à frente um outro deus
Que dizia ser mais forte
Disse que escolhia os seus
Entre os que gostam da morte
E deseja que os ateus
Sejam o seu braço forte.
Mais à frente um outro deus
Provocava dor e ira
Convidando os fariseus
A mostrar tudo o que vira
E falar para os judeus
Que Jesus o permitira.
Veio um outro deus alado
Cheio de má intenção
Perguntou desconsolado
Qual a sua obrigação
E no seu passo apressado
Faltava compreensão.
Mais um deus apareceu
Nessa estrada de agonia
Perguntou quem era eu
E o que ali fazia
Disse que me ofereceu
Mais do que eu merecia.
Fui andando lentamente
Sem saber onde chegar
Quando vi alguém decente
De mim se aproximar
Disse que foi comovente
Ver tantos deuses lutar.
Perguntei por que havia
Tantos deuses diferentes
Ele disse que eu podia
Ver alguns antecedentes
Entretanto eu não devia
Desejar ser conivente.
Disse que Deus é só um
Isso não é contestado
Não há outro ou mais de um
Isso é fato consumado
Mas que Deus é para algum
Discurso mal preparado.
Eu falei em tom audível
Se há prova de algum Deus
Ouvi ser compreensível
A pergunta de ateus
É, porém, inconcebível
Ser feita por um dos seus.
Eu falei desconcertado
Se Deus ia me aceitar
Depois de tanto pecado
Como posso reparar
Ele disse que o doado
Ninguém pode retirar.
Foi então que entendi
O sentido da mensagem
Ali mesmo eu pressenti
Que havia uma viagem
Para a qual eu não parti
Mas carrego uma bagagem.
Deus não fez carnificina
Ódio nunca permitiu
O amor somente ensina
Mesmo para quem partiu
Violência Ele abomina
E o pão distribuiu.
Então escolhi meu Deus
Força viva procurada
Capaz de buscar os seus
Em qualquer forma ou jornada
Pouco importa sejam ateus
Deus criou tudo do nada.