Meu grito

O meu grito ninguém ouve

Meu passado me condena

Nada lembro do que houve

Nem por que a minha pena

Nada tive que me aprouve

Não gozei a vida plena.

Naufraguei no oceano

Dos desejos dissolutos

Meu viver foi sempre insano

Meu falar era um insulto

Os prazeres mais profanos

Eu queira por ser bruto.

Desejei mudar de vida

Pra ter um pouco de paz

Fui tenta ter outra lida

Não ser mais um ladravaz

Logo que dei a partida

Vi como a vida é fugaz.

Percebi que uma vida

Não é mais que um momento

Sendo ela descabida

Ou de estranho sofrimento

Será sempre percebida

Pela voz do pensamento.

Pela voz do meu pensar

Percebi a perdição

Que seguia no andar

Dando só má sugestão

Descobri que ao caminhar

Ia em busca da razão.

Não podia andar silente

Minha voz não permitia

Se pensava estar ausente

Era a minha companhia

Se pensava estar presente

De mim se afastaria.

Muitos campos visitei

Para ver as plantações

Muitas delas procurei

Pra fazer indagações

Eu, porém, só encontrei

Fontes de contradições.

Minhas dores se acalmaram

Quando ouvi um pregador

Dizer que o crucificaram

Só porque pregava o amor

Dele nunca mais lembraram

Sua voz não tem valor.

A ouvir a sua voz

Eu fiquei maravilhado

Ele caminhava a sós

Mas estava acompanhado

Abraçava o seu algoz

Dizendo estar perdoado.

Foi então que decidi

Prosseguir na caminhada

Tudo aquilo que sofri

Para mim agora é nada

As palavras que ouvi

Ajudaram a escalada.

Eu passei a ser valente

Na batalha pela vida

Vi no meu inconsciente

Uma alma arrependida

Preparando o meu presente

Pra mostrar luz escondida.

O meu lar eu visitei

Levei luz, paz e calor

No momento que cheguei

Percebi imensa dor

Porem quando me afastei

Ganhei preces de amor.

O momento de sair

Percebi a frustração

Do meu eu querendo ouvir

Uma prece em oração

Pediu para eu permitir

Um minuto de atenção.

O meu eu disse pra mim

Sou feliz e não sabia

O meu tempo não tem fim

Era isso o que eu temia

Eu agora estou afim

De viver meu dia a dia.

Caminhei pelo meu lar

Vi um sonho já sonhado

Percebi alguém me olhar

Com os olhos marejados

Ela estava a se lembrar

Do que houve no passado.

Dizia sentir saudade

De um tempo que passou

Dera a sua mocidade

Para quem ela casou

Ria com felicidade

Do pouquinho que restou.

Eu saí do lar feliz

Mas voltei para levar

Um vaso com flor de lis

Pra no sonho colocar

De quem o coração diz

Pra no sonho acreditar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 30/08/2014
Reeditado em 30/08/2014
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