I
Meu senhor, minha senhora!
Rogo por vossa atenção.
Na lida desse cordel
Antes ver o coração.
De antemão se consultar
Pra depois não lamentar
Num queixume de aflição.
II
É festa no chão das trevas
Um rebuliço medonho.
Diabos dos quatro cantos
Na busca do grande sonho:
Muita sombra e água fresca.
Depois da luta grotesca
Um viver sempre risonho.
III
Todos fingem ser bonzinhos
Anjo bom celestial
De mais puras intenções
Nessa hora crucial.
São cães de cara lavada
E por cima maquiada
Num disfarce bestial
IV
A TV lá dos infernos
Desse programa não gosta
Diz ser gestão dos diabos
E, no fim dele, aposta.
Por não ser filantropia
Dele pedem alforria
Da força da lei imposta.
V
Chega horário político,
Invenção lá do inferno.
Pra ninguém botar defeito
Tem discurso bem moderno
Teatro de palco grande.
Não há cão que não se mande.
Fugindo do sebo terno.
VI
Tudo vem bem produzido
Para quem tem mais dinheiro.
Quem não tem vai de banguela
Aos berros de boiadeiro.
Mas, seu tempo é tão curto,
Que logo para no surto,
Sem tempo pra seu berreiro.
VII
Tem foto mal assombrada
De demo cara de pau
Que posta por trás de si
Foto de cão galalau
Pra mostrar que tem poder
E em qualquer leso bater
Por ter subido de grau.
VIII
É pra ter boa coragem
E não temer tal diabo
Encarar alma sebosa
Que vem sem chifres e rabo
Também não solta faísca
Mas, uma vez outra, pisca.
E baba feito quiabo.
IX
Incensar de nada vale
Nem apelar pra macumba
Vai achá-lo nos mercados
Troçando ao som de zabumba
Na luta de própria causa
Do bom viver não quer pausa
Na zombaria retumba
X
Ao mal é pra dar maldade
E tirar satã do trono
De muito aboletado
Julgando ser ele dono
Por tanto tempo no cargo
Filho e neto tem encargo
Ganhar vaga por abono
XI
Difícil é abrir o bolso
E pagar campanha feita
Se ganhar foi golpe certo
A maré cheia aproveita.
Perdendo é corredor
Escapando do credor
Para sumir na espreita.
XII
O guia não é só trágico
Também há comicidade.
Motivo de muito riso
Tempo pra felicidade.
As peças de marqueteiro
Trabalho de biscateiro
Da mais fina falsidade.
XIII
E todos vêm à TV
Não precisa ser artista
Nem mesmo prisioneiro.
Ser da rua diarista
Ter a boca desdentada
É sua grande cartada
Para ser bom humorista.
XIV
Pândegos mesmo são eles
Obrigados a sorrir
Olhos grudados no texto
Medo de não conseguir
Mas o sol da alvorada
Vem brilhar bem camarada
E logo retribuir.
XV
Muitos ficam na largada
Nem tropeçam num por cento
Bigodes d'alma nazista
Daquele morto, rebento.
Tem fala que mete medo
No diabo mais azedo
Amém, pregam ao relento!
XVI
Pior só coligação
Que joga num mesmo saco
Todo tipo de farinha
Causa pra muito barraco
Do rolo capitalista
Com quem se diz comunista
Mas se parece velhaco.
XVII
Tem o de cima do muro
Pronto pra trocar de lado
É culto e socialista
Um “porra louca” pirado
Mas de doido não tem nada
É gavião na caçada
Pelos tolos, aclamado.
XVIII
Vem dita promessa vã:
Tirar bandido da rua.
Dar casa, roupa lavada,
Pão, banhos de sol e lua.
Tudo no melhor padrão.
Estadia sem patrão,
E no crime continua
XIX
Outro propõe dar calote
Em todo canto da terra
Muito legal não pagar
Mas como calar quem berra
E donde se esconder
Das bombas que vão romper
Melhor se dispor pra guerra.
XX
Uns postulam por coragem
Propondo mudar o inferno
Mas não diz pra qual lugar
Talvez, um país externo.
Bom seria da Europa
Que todo satanás topa
Sem nem reclamar do inverno.
XXI
Outros chamam pra marchar
Sem nem participar pra onde
Propondo pra ir mais longe
Mas o transporte esconde:
Com preço do passe em crista
E greve de motorista
A marcha vai ser de bonde
XXII
Vamos juntos chegar lá!
É drible parlamentar.
Lá, quem vai chegar é ele.
Mas tem muitos pra lembrar
Bons amigos e parentes
Do cadastro de carentes
Nos outros nem vai pensar
XXIII
Outro roga em bordão:
Não desistir do inferno!
Na carona do espólio
De quem jaz em sono eterno
Assim, dessa forma, ousa.
Não dá paz a quem repousa
O seu momento de inverno.
XXIV
Pra calar tal satanás
Não vá se desesperar
Pois todo poder da fera
É fácil neutralizar
Reside em um só botão
Bem no alcance da mão
Aperte pra desligar.
Meu senhor, minha senhora!
Rogo por vossa atenção.
Na lida desse cordel
Antes ver o coração.
De antemão se consultar
Pra depois não lamentar
Num queixume de aflição.
II
É festa no chão das trevas
Um rebuliço medonho.
Diabos dos quatro cantos
Na busca do grande sonho:
Muita sombra e água fresca.
Depois da luta grotesca
Um viver sempre risonho.
III
Todos fingem ser bonzinhos
Anjo bom celestial
De mais puras intenções
Nessa hora crucial.
São cães de cara lavada
E por cima maquiada
Num disfarce bestial
IV
A TV lá dos infernos
Desse programa não gosta
Diz ser gestão dos diabos
E, no fim dele, aposta.
Por não ser filantropia
Dele pedem alforria
Da força da lei imposta.
V
Chega horário político,
Invenção lá do inferno.
Pra ninguém botar defeito
Tem discurso bem moderno
Teatro de palco grande.
Não há cão que não se mande.
Fugindo do sebo terno.
VI
Tudo vem bem produzido
Para quem tem mais dinheiro.
Quem não tem vai de banguela
Aos berros de boiadeiro.
Mas, seu tempo é tão curto,
Que logo para no surto,
Sem tempo pra seu berreiro.
VII
Tem foto mal assombrada
De demo cara de pau
Que posta por trás de si
Foto de cão galalau
Pra mostrar que tem poder
E em qualquer leso bater
Por ter subido de grau.
VIII
É pra ter boa coragem
E não temer tal diabo
Encarar alma sebosa
Que vem sem chifres e rabo
Também não solta faísca
Mas, uma vez outra, pisca.
E baba feito quiabo.
IX
Incensar de nada vale
Nem apelar pra macumba
Vai achá-lo nos mercados
Troçando ao som de zabumba
Na luta de própria causa
Do bom viver não quer pausa
Na zombaria retumba
X
Ao mal é pra dar maldade
E tirar satã do trono
De muito aboletado
Julgando ser ele dono
Por tanto tempo no cargo
Filho e neto tem encargo
Ganhar vaga por abono
XI
Difícil é abrir o bolso
E pagar campanha feita
Se ganhar foi golpe certo
A maré cheia aproveita.
Perdendo é corredor
Escapando do credor
Para sumir na espreita.
XII
O guia não é só trágico
Também há comicidade.
Motivo de muito riso
Tempo pra felicidade.
As peças de marqueteiro
Trabalho de biscateiro
Da mais fina falsidade.
XIII
E todos vêm à TV
Não precisa ser artista
Nem mesmo prisioneiro.
Ser da rua diarista
Ter a boca desdentada
É sua grande cartada
Para ser bom humorista.
XIV
Pândegos mesmo são eles
Obrigados a sorrir
Olhos grudados no texto
Medo de não conseguir
Mas o sol da alvorada
Vem brilhar bem camarada
E logo retribuir.
XV
Muitos ficam na largada
Nem tropeçam num por cento
Bigodes d'alma nazista
Daquele morto, rebento.
Tem fala que mete medo
No diabo mais azedo
Amém, pregam ao relento!
XVI
Pior só coligação
Que joga num mesmo saco
Todo tipo de farinha
Causa pra muito barraco
Do rolo capitalista
Com quem se diz comunista
Mas se parece velhaco.
XVII
Tem o de cima do muro
Pronto pra trocar de lado
É culto e socialista
Um “porra louca” pirado
Mas de doido não tem nada
É gavião na caçada
Pelos tolos, aclamado.
XVIII
Vem dita promessa vã:
Tirar bandido da rua.
Dar casa, roupa lavada,
Pão, banhos de sol e lua.
Tudo no melhor padrão.
Estadia sem patrão,
E no crime continua
XIX
Outro propõe dar calote
Em todo canto da terra
Muito legal não pagar
Mas como calar quem berra
E donde se esconder
Das bombas que vão romper
Melhor se dispor pra guerra.
XX
Uns postulam por coragem
Propondo mudar o inferno
Mas não diz pra qual lugar
Talvez, um país externo.
Bom seria da Europa
Que todo satanás topa
Sem nem reclamar do inverno.
XXI
Outros chamam pra marchar
Sem nem participar pra onde
Propondo pra ir mais longe
Mas o transporte esconde:
Com preço do passe em crista
E greve de motorista
A marcha vai ser de bonde
XXII
Vamos juntos chegar lá!
É drible parlamentar.
Lá, quem vai chegar é ele.
Mas tem muitos pra lembrar
Bons amigos e parentes
Do cadastro de carentes
Nos outros nem vai pensar
XXIII
Outro roga em bordão:
Não desistir do inferno!
Na carona do espólio
De quem jaz em sono eterno
Assim, dessa forma, ousa.
Não dá paz a quem repousa
O seu momento de inverno.
XXIV
Pra calar tal satanás
Não vá se desesperar
Pois todo poder da fera
É fácil neutralizar
Reside em um só botão
Bem no alcance da mão
Aperte pra desligar.