Pilares da sabedoria

Sou um sábio bem antigo

Meu saber está no ar

A escrita é o artigo

Que eu uso pra estudar

Sou também um braço amigo

Para quem quer ensinar.

No meu lar faço rabiscos

Que ninguém mais compreende

São os meus estranhos riscos

Que a solidão entende

Para muitos esses meus riscos

É o saber que se pretende.

Não se portam com decência

Quando estou a explicar

Sequer sabem a procedência

Do meu estranho falar

Desconhecem a competência

Que vem do muito estudar.

O meu leito é simples cama

Com colchão já desgastado

Meu saber não me deu fama

Mas me fez realizado

Sempre acendo alguma chama

Na alma do abandonado.

No colar de alguma dama

Já pus o meu vencimento

Essa dama hoje reclama

Por não ter esse momento

Afinal o amor é chama

Que precisa de alimento.

Sou faltoso em divulgar

Tudo aquilo que anoto

O que faço é divagar

O assunto eu não esgoto

Tento a todos explicar

Porque a nenhum adoto.

Muitas placas de cimento

Já pisei nesse meu chão

Para ter conhecimento

Viajei de caminhão

Carregando o alimento

Muitas vezes um simples pão.

Outras vezes fui a pé

Para as aulas frequentar

Muitas vezes sem café

Sem nada pra merendar

Tinha apenas a minha fé

E vontade de lutar.

No final da minha lida

Meu diploma de papel

Garantiu a minha vida

Como um hábil bacharel

Tive assim vida sofrida

Mas comigo eu fui fiel.

Trabalhei pro meu país

Isso hoje é só lembrança

Já cortei toda raiz

Que feria como lança

Hoje sou, pelo que fiz,

Um pilar da esperança.

Muita voz que hoje diz

Ter saber em quantidade

Esqueceu que é aprendiz

Na mais bela faculdade

Que é aquela que eu não fiz

Por não ter capacidade.

Essa escola que falei

Só existe na memória

Não ensina o que já sei

E o que está na história

Mas ensina o que farei

Pra selar minha vitória.

O saber que se proclama

Poucas vezes dá respaldo

Ao discurso que inflama

Mas em si tem pouco saldo

É incêndio que derrama

Só fuligem no rescaldo.

A real sabedoria

Leva sempre a repensar

Sem levar à euforia

Estimula o imaginar

Sobre a falta de harmonia

Que existe no falhar.

No falhar eu aprendi

Como é doce consertar

Assim eu também subi

Ocupei o meu lugar

Hoje sei que consegui

Ter história pra contar.

Sou um sábio que agiganta

Quando me chamam senhor

Sou o lente que encanta

Pois me entrego ao meu labor

A rotina desaponta

Sou, por isso, UM PROFESSOR.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 16/08/2014
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