Também sou pai

Também sou pai, um protetor

Guio as rédeas da minha cria

Para que no futuro

Venha me orgulhar um dia

Vou ensinar a caminhar

E desviar de porcaria

A nossa missão é dura

É bem mais que dar sustento

Temos que mostrar o voo

Com um bom ensinamento

Ter prudência pra ir alto

E ser mais forte que o vento

E mostrar que pra ir longe

Nunca pode ser um fraco

Pois quem erra o caminho

Acha a rota do buraco

E uma vida iluminada

Pode ter um fim opaco

Força é inteligência

Não é atitude bruta

Forte mesmo é quem derrota

As dores da labuta

Nada é fácil neste mundo

Tudo vem com muita luta

As crianças não pediram

Para entrar neste mundo

Já que abrimos as portas

Daremos cada segundo

De atenção pra que não caiam

Num lamaçal imundo

Ser pai requer juízo

E derramar muito suor

Abrir mão da vaidade

Às vezes vestir do pior

Que é pra sobrar uns trocados

E dar pro filho o melhor

Sei o tamanho da tristeza

Ao abrir a geladeira

E não ver a cor do leite

Pra fazer a mamadeira

E passar a noite em claro

Escutando choradeira

É duro ver a criança

Tomada de catapora

Coração do pai se quebra

E a fortaleza chora

O sorriso volta ao rosto

Quando a peste vai embora

O pai pula de alegria

Chega até tocar no teto

Quando o filho vem da escola

Soletrando o alfabeto

E dizendo empolgado

Que quer ser um arquiteto

A preocupação aumenta

Quando chega a adolescência

Nestas horas o pai alerta

Com o sinal da experiência

Indicando a boa estrada

Pra fugir da violência

Pena que os filhos crescem

Cada qual com seu caminho

Mas carregam os conselhos

Guardados com carinho

Bom seria se pudesse

Tê-los sempre em nosso ninho

Não cuidamos para a gente

Cuidamos para o mundo

Que seja um bom cidadão

Ao invés de vagabundo

Dotados de firmeza

E de amor profundo.