O SÁBIO VENDEDOR DE SONHOS

Entre a concupiscência dos meus olhos

E a matéria tocável que possuo

Venho aprendendo de soslaio

Os mistérios que a vida insinua

Eu que vivo em cima do muro

E nesse laço mundano não caio

Seguindo os passos do contador de histórias

Preencho com suas palavras

(os enfadonhos, tristes e sem glória),

Meus dias que agora ele salva,

Ao viver sem o conforto do lar

Pelas ruas a despejar memórias.

Palavras soltas, sábias, envoltas

Em mil presságios de saber,

De outrora pescados em todos nós.

Vem cavando e desocultando

Como se em nossa alma soubesse ler

Todos os segredos dos nossos nós,

Emergem entre lágrimas do fundo abismo

O nosso etéreo passado que dói,

Causa de fracassos ou de estranhos heroísmos

Mas que sem controle fazem mal a nós.

Ouvindo-o em busca do meu eu perdido

Encontro o motivo de comportamento atroz.

Translúcidos e sólidos paralelamente

Vem nos mostrar a cura em seus sóis.

Diz que o tempo cura e nos traz alívio

Assim que fisgados pelos fictícios anzóis

Dele (o mestre), que sobre pontes e arminhos

Desfaz insensatez transformando em bemóis.

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 08/08/2014
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