Derradeiro

Distante, poema escrevo

Um mero poema, limite

O último poema te devo

Cordel, afinal, o convite

Eu vivo a vida ao extremo

Aquilo que começo, termino

Rima é um ser tão supremo

Que faz do cordel ser divino

O perto agora é o distante

Se eu puxo a água da bacia

Água é um ser tão errante

Empuxo da água, quem diria?

O último será o primeiro?

Poema não tem conclusão

O verso não é o derradeiro

É rima que pede permissão

Resíduo é o resto e a sobra

A obra perfeita é o remate

Papel sem vinco nem dobra

E a rima com outra se bate

Poema, derradeiro suspiro

Aquele que fica vem atrás

E a rima é o ar que respiro

Meu rabicho é o cordel, aliás

Postremo é o postimeiro

The End, restante e rabada

Superior, amor derradeiro

Caminho pro fim da estrada

O último, o mais afastado

A ponta do rabo, terminal

Depois do verso, um achado

Aplausos, poema, ao final