Esse caso minha gente
Aconteceu no sertão
Carmelita inteligente
Filha dum tal ancião
Colhida pelo destino
Por alguém afortunado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
A danada tão maluca
Bonita até por demais
Também jogava sinuca
Suas partes virginais
O seu sorriso era lindo
Seu rosto bem cultuado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Namorou um fazendeiro
O conhecido Vadão
Mas não era por dinheiro
Tão somente por paixão
Mas o sujeito cretino
De hábito mal educado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Na fazenda foi vivendo
Tornou-se logo mulher
O Vadão amolecendo
Quase não ficava em pé
Tinha fama de assassino
Vivia bem camuflado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Aquela gata formosa
Logo veio deslumbrar
Tinha perfume de rosa
Mas só queria transar
Com um filho adulterino
Desse Vadão tresloucado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
A mulher era tão bela
E tão grande a confusão
Criou-se logo querela
Com a gata do patrão
Namorou um campesino
Garoto louco assanhado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Mas no dia de domingo
Ela logo se arrumava
Para o padre que era gringo
De perfume se banhava
A capela seu destino
Vestido lindo arrumado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
O padre muito sabido
A missa bem alongava
Ninguém era atrevido
Decerto ninguém gostava
O pastor era argentino
Um membro assaz afiado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
No finalzinho da missa
Carmelita já sabia
Apressada sem preguiça
Pro quarto logo corria
Aposento clandestino
Muito bem aparelhado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Como foi sua semana?
Perguntava o bom pastor
E segurando a banana
Dizia foi bom meu amor
Conheci um cara albino
Um sujeito bem safado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Ele propôs diferente
Só queria mais e mais
Eu falei que só na frente
Ele queria por trás
Foi o tal do Belarmino
Um sujeito avantajado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Naquele disse me disse
Ele então me tapeou
Nunca vi tanta crendice
Na conversa me ferrou
Pela lapa do pepino
Ficou ele assim de lado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Se não fosse a vaselina
Que o senhor me cedeu
Fez-me lembrar da batina
Quando aquilo amoleceu
Mas o senhor é divino
Meu protetor arretado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Eu também queria isso
Porém fiquei com receio
Não posso ter compromisso
Pois adoro esse paleio
Mas agora que o cretino
O caminho tem traçado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Mas o seu é bem maior
Não coloque, por favor,
De mim sempre tenha dó
Não aguento tanta dor
Antes de tocar o sino
Quero voltar pro roçado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Religioso aloprado
Conhecia de mulher
Deixando tudo molhado
Tudo estava de colher
Parecia um bailarino
Naquele sapateado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Foi então quando a cigarra
Da cozinha sim tocou
Já quase no fim da farra
Pois a beata chegou
E foi logo se vestindo
Com seu roupão machucado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Mas a beata novinha
Também queria brincar
Disse quero uma vaguinha
Tô carente de lascar
O senhor tá me traindo
Com esse broto apertado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Nós estamos só brincando
Respondeu o sacerdote
Sou homem indo e voltando
Amolando meu serrote
E com jeito de bovino
Com um tesão arretado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
A brincadeira seguia
Animada pra valer
Pois parar ninguém queria
É deixar acontecer
Mas na verdade um cretino
Com as duas, abraçado,
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
E a cigarra novamente
Tocou forte dessa vez
O vigário já dormente
Veio logo à timidez
Com seu olhar cristalino
De olho quase fechado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Mas essa tal Carmelita
Ficou assaz conhecida
Sempre saía na fita
Até mesmo encolhida
Virou mulher de caprino
Brincava até no mercado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Então ela adoeceu
Com um problema venéreo
E quase que faleceu
Bem perto do cemitério
Um problema genuíno
O seu bumbum abalado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
Essa história vai longe
Eu não quero me alongar
O tal padre virou monge
E deixou de namorar
Seu amor era divino
Conquistador arretado
Somente o padre Santino
Perdoava seu pecado
 
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Ansilgus