SENSOR DE CASTIDADE

Quipapá- PE, 06 de novembro de 2013

Preocupado com a Paróquia

De sua Jurisdição,

O padre José Inácio

Querendo saber a razão

Dos venenosos boatos

Comprometendo os beatos

Em coisas de fazer dó.

Só se via o comentário

Até no confissionário

Era uma conversa só:

Que a filha de fulano

De santa não tinha nada

E que as outras mulheres

Era um bando de safada

Que vivia comungando

Todo dia se confessando

Ao pé de seu ouvido.

Vivia só de enganos

Mas por debaixo dos panos

Traía os seus marido.

Pru mode não se alastrar

Inda mais o falatório,

O jovem Sacerdote

Diante do oratório

Pediu pro Senhor Jesus

Que lhe mostrasse uma luz

Pra puder solucionar

Aquela sem vergonhice

No meio da beatice,

Em baixo do seu altar.

O tempo foi-se passando

E o falatório aumentava

O padre se agastando

Pois toda noite chorava.

Não sabia o que dizer

Nem muito fazer

Pra acalmar a falação

Tava muito preocupado

Pois tinha esse pecado

Para a sua perdição.

Ainda mais agastado

Com aquela situação,

O novato reverendo

Movido pela unção.

Com seu dom sacerdotal

Teve a ideia genial

Pra apurar a verdade.

E sem qualquer bagatela

Implantou sobre à capela

Um sensor de castidade.

O instrumento instalado

Pra moça não funcionava.

Quando sentia uma quenga

O bicho logo apitava.

Foi assim quando Sandrinha

Que dava onda de santinha

Pros tolos da região

Quando na capela entrou

O bicho logo apitou

Causando admiração.

Ela ficou assustada

Com o estampido do alarme

E assim desconfiada

Sentou-se sem muito charme.

Ainda encabulada,

Como não quisesse nada

Do padre se aproximou.

E disse num só pinote:

-Me responda sacerdote

Que é isso que apitou?

É o seguinte Sandrinha

- Disse ele sem hesitar-

É um sensor de castidade.

Que eu mandei instalar

Pra pegar moça errada

Ou qualquer mulher casada

Que viva de traição.

Quando tu apareceu

Foi isso que aconteceu.

Sandrinha que papelão!

Certa vez dona Aurora

Uma respeitada beata,

Daquela bem rezadêra,

Que se tornava até chata.

Foi na capela entrando

O bicho logo apitando

Fazendo ti ti ti ti.

Bastante acabrunhada

Disse muito irritada:

- Que peste é isso aí?!

-É um alarme Aurora,

Disse o padre pra ela.

-Pra que boba dum apito

Aqui dentro da capela?

-Pra mode saber quem é

Cada moça ou mulé

Que vive de safadeza!

Aqui nessa freguesia

Quem pratica tais orgia

É tratado com dureza.

-Tá insinuando o quê,

Vigarin de meia tigela?

Disse a beata estressada

Ignorando aquela

Invenção do reverendo.

E toda se retorcendo

Na sua beca pegou.

Disse com siricutico:

- Que ideia de jerico

Que o senhor inventou?!

Foi aquele buruçu,

Um rebuliço medonho,

Parecia que a beata

Tava era com o demonho;

Na igreja esbravejava,

Todo mundo esculachava

E o padre apenas mudo.

Ainda toda tremendo

Saia se maldizendo

Xingando o padre de tudo.

E o padre não respondia

Aquela afrontação

Já estava satisfeito

Com a sua apuração.

Também já tinha certeza

De quem, lá com safadeza

Vivia naquela Ermida.

Resolveu logo a questão

Acabando a danação

Que apoquentava sua vida.

Resolveu severamente

De forma muito honrada.

Expulsar as duas beatas

Da capelinha sagrada.

A partir daquele dia

O povo dali vivia

Na maior integridade

Vivendo de modo reto

Por causa desse objeto,

O sensor de castidade.