* De marfim *
Um príncipe mandou fazer,
De um pedaço de marfim valioso,
Um par de pauzinhos.
E sentiu-se muito orgulhoso.
Quando chegou ao conhecimento
Do rei seu pai naquele momento
Este ficou muito furioso.
Ele era um homem muito sensato,
Este foi ter com ele que lhe explicou:
— Esse luxuoso par de pauzinhos
Que você fazer mandou
Pode levar-te à perdição!
E ferir seu coração.
O jovem príncipe confuso ficou.
Não sabia se o pai falava sério
Ou se estava a brincar.
Mas o pai continuou:
— Ao ter os paus de marfim, verás.
Que não ligam com a louça de barro
Que usamos à mesa e bizarro.
De copos e tigelas vais precisar.
As tigelas de jade e os paus de marfim
Não admitem iguarias grosseiras.
Precisarás de cauda de elefante
E fígado de leopardo de primeira.
E quem come cauda de elefante
E fígado de leopardo sente-se elegante
Não vai querer casa simples e austera.
Irás precisar de fatos de seda
E palácios sumptuosos.
E para teres tudo isto,
Cairás no mundo luxuoso
Vai arruinar as nossas finanças
E acabarão nossas esperanças
Teus desejos serão ruinosos.
A desgraça atingirá os camponeses,
E o reino se afundará na desolação.
Porque os teus paus de marfim
Fazem lembrar uma fissuração
No muro de uma fortaleza,
Que acaba trazendo tristeza
Por destruir toda a construção.
O príncipe esqueceu seu capricho
E mais tarde veio a ser
Um monarca reputado
Pela sua grandiosidade de ver
Cheio de bondade e sensatez.
Com seu pai e camponês
E praticava o bem com prazer.