Calendas do tempo

Vou falar num novo tema

Que pra mais ninguém serviu

Se causou algum problema

Ninguém sabe, ninguém viu

Não foi peça de cinema

Pois também nunca existiu.

São verdades nunca ditas

São mentiras propaladas

São as mães sempre aflitas

Vendo as filhas fracassadas

Vivendo em palafitas

Caminhando nas calçadas.

São calendas que o tempo

Oferece a cada um

Aparenta um passatempo

Tenta convencer algum

Depois trás o contratempo

Para a vida de mais um.

As calendas levam em si

Muita dor e preconceito

Seu destino é logo ali

E propaga ser perfeito

Porém nunca sai daqui

Caminhar não é aceito.

Se o caminho está adiante

Alguém logo o obstrui

Aconselha o caminhante

A dar tudo que possui

De presente a um farsante

Que maldade distribui.

O caminho é disfarçado

Com pureza de uma madre

Cada um mais divulgado

Diz até que curou padre

Prega que não tem pecado

E que Deus é seu compadre.

Prega que tem o poder

De fazer milagre e curas

Mas não aprendeu a ler

As Sagradas Escrituras

Com passado a esconder

Sente medo das clausuras.

No passado foi hostil

No presente é infrator

Para o mal contribuiu

Sempre como um impostor

Pra vingança ele sorriu

Como sendo um protetor.

Na mansão adquirida

Com dinheiro desonesto

Ele expõe sua ferida

Pelo erro manifesto

De fazer da sua vida

Um covil para o funesto.

Esqueceu que o amanhã

Se aproxima a cada dia

Vai pedir toda manhã

Uma ducha de água fria

Mas sua mente mal sã

Vai dizer: peça outro dia.

Uma dor angustiante

Vai estar sempre presente

Sem parar um só instante

Vai lhe empurrar pra frente

Num espaço sufocante

E num solo sempre quente.

Numa rocha irá dormir

Sem direito a cobertor

Sem saber aonde ir

Ouvirá seu cobrador

Que mostrando o seu porvir

Lhe dirá: és traidor.

Seu pecado foi trair

Muito mais que o normal

Sem pensar em desistir

Você sempre quis o mal

De onde está não vai sair

Seu espaço é pessoal.

Ele é o que merece

Foi você que escolheu

Cada um se reconhece

Sendo nobre ou um plebeu

Cada um se compadece

Mas o caminhar é seu.

Sua estrada é pedregosa

Muito pouco frequentada

Muita curva sinuosa

Pouca sombra é encontrada

Muita fera perigosa

Se sentindo ameaçada.

Nessa luta pela vida

Nas calendas irá subir

Dará mais uma partida

Para ir ao seu porvir

Pagará pela subida

O que o tempo permitir.

Nas calendas há detentos

Sempre prontos pra fugir

Tão depressa como o vento

Mas não sabem aonde ir

Viajando em pensamento

Chegam antes de sair.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 06/07/2014
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