“NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO”

Um atrasado que eu espero

Quem entra na minha vaga

O devedor que não paga

Um "bebo" com lero-lero

São coisas que não tolero

Zoada no meu ouvido

Ser flagrado pelo marido

Quando já estava aceso

Ver murchar o que tava teso

Nos dez de queixo caído.

A falta de um xodó

Em uma cama vazia

Cantador de cantoria

Que canta um tema só

Hemorroida no fiofó

O intestino inturido

Não é nada divertido

Um cavalo empacado

Galanteio de viado

Nos dez de queixo caído.

Eu também não acho graça

Quando um besta tá fumando

E fica em mim jogando

A fedorenta fumaça

Cachorro cacando a praça

O dono em pé distraído

Deixa o "torpedo" estendido

A gente passando, pisa

Suja o sapato e desliza

Nos dez de queixo caído.

É grande a minha liça

Pra eu sustentar a família

E o que exala de Brasília

É uma catinga de carniça

Tem a falta de justiça

Para o pobre desprotegido

Do que lhe foi prometido

No tempo de eleição

Recebe somente não

Nos dez de queixo caído.

O homem sem dolo mata

O planeta em abundância

Pelo pecado da ganância

Para juntar ouro e prata

Corta serra, seca cascata

Deixa tudo destruído

Se Deus soubesse, eu duvido

Fizesse Ele essa bobagem

Criar o homem sua imagem

Nos dez de queixo caído.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 04/07/2014
Reeditado em 12/12/2014
Código do texto: T4869098
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