“NOS DEZ DE QUEIXO CAÍDO”
Um atrasado que eu espero
Quem entra na minha vaga
O devedor que não paga
Um "bebo" com lero-lero
São coisas que não tolero
Zoada no meu ouvido
Ser flagrado pelo marido
Quando já estava aceso
Ver murchar o que tava teso
Nos dez de queixo caído.
A falta de um xodó
Em uma cama vazia
Cantador de cantoria
Que canta um tema só
Hemorroida no fiofó
O intestino inturido
Não é nada divertido
Um cavalo empacado
Galanteio de viado
Nos dez de queixo caído.
Eu também não acho graça
Quando um besta tá fumando
E fica em mim jogando
A fedorenta fumaça
Cachorro cacando a praça
O dono em pé distraído
Deixa o "torpedo" estendido
A gente passando, pisa
Suja o sapato e desliza
Nos dez de queixo caído.
É grande a minha liça
Pra eu sustentar a família
E o que exala de Brasília
É uma catinga de carniça
Tem a falta de justiça
Para o pobre desprotegido
Do que lhe foi prometido
No tempo de eleição
Recebe somente não
Nos dez de queixo caído.
O homem sem dolo mata
O planeta em abundância
Pelo pecado da ganância
Para juntar ouro e prata
Corta serra, seca cascata
Deixa tudo destruído
Se Deus soubesse, eu duvido
Fizesse Ele essa bobagem
Criar o homem sua imagem
Nos dez de queixo caído.