A escolha do meu lar.

Esquecido no presente

Mas não sei qual a razão

Eu não sou um delinquente

Sou honesto cidadão

Se de casa fico ausente

É por ter obrigação.

Meu presente me falou

Que eu não sou esquecido

Na certa o que me faltou

Foi ser mais esclarecido

Na verdade o que eu sou

É um pouco extrovertido.

Respondi que tenho orgulho

Mas orgulho é arma própria

Eu não pratiquei esbulho

Ou qualquer ação imprópria

Eu até usei entulho

Para não matar alópia.

Respondeu o meu presente

Que eu sou todo o meu eu

Mesmo não sendo inocente

Achei quem me acolheu

E pensando ser valente

Escolhi o que é meu.

Disse ainda que estou

Preso ao meu desengano

Em um tempo que passou

Coisa própria de humano

Porém muito me restou

Por ter um irmão germano.

Perguntei: onde ele está?

Por que não o conheci?

Nisso ouvi alguém falar

Meu irmão: estou aqui

Quando eu quis aproximar

Ele disse: eu vou aí.

Vi então um caminhante

Com pesado fardo às costas

Caminhando ofegante

Mantendo suas mãos postas

Disse estar bem confiante

Na importância das propostas.

Quando eu fui ajudar

Ele disse: não precisa

Eu ainda posso andar

Para olhar minha divisa

Se alguém observar

Tenho ainda uma camisa.

Trouxe tudo pra lhe dar

Esse é o meu presente

Você deve aproveitar

E fazer uso decente

Muito mais há pra chegar

Através de muita gente.

Apesar de ser estranho

Meu presente me falou

Não espere muito ganho

Pois é pouco o que restou

O que é seu eu não apanho

O que é meu tudo eu lhe dou.

Pro passado eu sou presente

Pro futuro eu sou passado

No futuro estou ausente

No passado era esperado

Com o tempo eu fui em frente

Sem ter tempo calculado.

Me falou o meu presente

Hoje sou o seu passado

Mas agora o mais urgente

E ver o que foi guardado

Pra depois humildemente

Pedir pra ser perdoado.

Vá pedir ao seu irmão

Pra lhe dar sua canseira

Vá lhe estender a mão

E limpar sua sujeira

Chegou a ocasião

De curar sua cegueira.

Perguntei como saber

Se somos irmãos germanos

Ele disse que ao nascer

Como filhos de humanos

De Deus vamos receber

Vida pra milhões de anos.

Para ele então pedi

Pra me dar sua canseira

Nos podemos repartir

Cada um dessa maneira

O mais velho vai servir

Ao herói sem braçadeira

O mais velho vai ficar

Vigiando a nossa carga

Quando a fome aproximar

Vai pescar nalguma varga

E pra se dessedentar

Vai tomar bebida amarga.

Nessa hora o meu irmão

Disse que me seguiria

Eu mostrei uma razão

Para o tempo que viria

Uma boa ocasião

Para ver um novo dia

Assim ele procurou

Uma casa pra nascer

Nela ele me encontrou

Sem saber obedecer

Ele então me ensinou

Aos meus pais agradecer.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 03/07/2014
Reeditado em 04/07/2014
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