A casa do sol nascente.
Minha casa é o sol nascente
Que existe no horizonte
Está onde estou presente
Para mim serve de ponte
Aparece de repente
Mas não mostra a sua fonte.
É uma casa pequenina
Porem brilha muito forte
Ilumina uma colina
Que há depois do contraforte
E também cobre a neblina
Que torna o frio mais forte.
Minha casa não tem dono
Porque pode ser de todos
Nela não se perde o sono
Por promessa de engodos
De ninguém recebe abono
Mas os distribui a rodos.
É uma casa sem final
Seu limite é o pudor
Nela está um ideal
De jamais provocar dor
Há também um arsenal
De sementes de amor.
Digo que é o sol nascente
E afirmo com razão
Nela entra alguém contente
E também na solidão
Entra o onisciente
Que mantem a discrição.
Esse sol está presente
Na masmorra do castelo
Onde sofre o inocente
Sob o peso do cancelo
E visita o paciente
Que sofre sob o cutelo.
No espaço dessa casa
Há um tempo para tudo
Tempo para acender brasa
Tempo para o reestudo
Tempo para bater asa
Tempo pra fazer escudo.
Tempo para apropriar
Do destino que escolhi
Onde está meu caminhar
Numa estrada que perdi
Há também tempo de amar
A mulher que escolhi.
Minha casa é o cinema
Onde a vida forma ator
Onde a sorte é sempre o tema
O destino é o professor
O ator que entra em cena
É o sonho do diretor.
Minha casa não tem sombra
Ela sempre está em luz
Nela o amor não tomba
Também não aumenta a cruz
Nada nela me assombra
Porque ao céu me conduz,
Meu destino foi traçado
Para construir a casa
Escolhi no meu passado
Não seguir quem me atrasa
Meu relógio adiantado
Faz de mim alguém com asa.