...E QUANTO PREC ISAS? 5 OU 10 MIL ?

O meu ponto fraco é a falta de jeito para o negócio. Pensava eu. Quando me denunciaram o que andava a fazer, fiquei embasbacado com cara de trabalhador da saúde quando o Ministro lhes mandou lavar as mãos; - aqui para nós: o ministro da saúde faz a porcaria e os outros é que têm que lavar as mãos? Negócio simples o meu. Chegava ao pé de um amigo e, de dedo espetado, perguntava-lhe: - precisas de dinheiro? Dos seis milhões abordados só a Lili de Caneças disse: - não. E explicou: - olhe querido, nunca precisei nem preciso, graças à TVI. Mas todos os outros disseram que sim.( Até o Manuel Alegre, apesar de ter uma reforma da Argélia). Adiantava depois aos meus amigos: - e quanto precisas? Diz! 5 ou 10 mil? Queres 20 mil? O Pacheco Pereira olhou para mim com aqueles olhos de blog, atirou a esferográfica ao chão e interrogou-me: - é pá, tens nota para emprestar? Onde vais buscar a massa? Bem educado como sou, não lhe respondi, como de resto fiz a todos os outros. - Queres ou não? Pegar ou largar. – Preciso de 5 mil. -Arranjo-te 20 mil. Aceitaram todos. Dava-lhes o número do telefone da Cofidis ou da Credial, mandava-os ligar ali, diante de mim, e eles respondiam às perguntas das meninas atendedoras. A minha comissão era de 25%. Cachet que eu tinha que distribuir também pelos meus dois sócios: um perito de IRS e outro (fictício) que eu dizia estar lá dentro das emprestadoras para o jeitinho na aceitação. Digo-lhes daqui, de Pinheiro da Cruz, que valeu a pena. Ando a trabalhar com as vacas e os porcos, ao ar livre, sou amigo dos guardas, nada me falta. Por enquanto. Nem droga. O Chico Alentejano, com 18 anos ainda por cumprir ( diz-se inocente do crime que lhe atribuíram: contrafacção de notas de 500 euros!) é o meu confidente: - Mais um mês e temos uma salinha para os “xutos”. Pergunto-lhe várias vezes: - quem é que mete a droga nas prisões? Ele ri-se e, piscando o olho responde-me: – Não te metas nisso pá! Muda de conversa que o senhor guarda está a olhar para ti. Agarro-me às tetas da vaca e continuo a ordenhar. É uma posição incómoda – esta de ordenhar – mas dá para pensamentos escabrosos, como o que me assaltou hoje: se por acaso – banana!!! banana!!! – o Alberto João Jardim cometesse um crime qualquer e aqui viesse parar, eu perderia imediatamente o meu posto junto das vacas. O lugar - pelo menos para mungir – seria ocupado por ele. .A prática que tem de ordenhar o continente seria o suficiente. Já seria diferente se o caso se viesse a passar com ex-Procurador Geral da República, Sotto Moura. Este não ordenharia; esperaria que o leite corresse e, demorasse o tempo que demorasse!!! Mesmo que o Jorge Sampaio – que deveria ser o director da prisão – lhe desse um prazo muito curto para a missão. Sampaio, com a paciência que tem, recolher-se-ia ao seu gabinete, puxaria da sua caneta de ouro, e escreveria um poema pessoano mais ou menos assim (estou só a especular): “o Sotto é um fingidor, munge tão eficazmente que chega a fingir que é procurador um procurador que nada sente”.. Sei lá até aonde chega a imaginação de um ex-Presidente da República! Olhem só para o Mário Soares: as coisas que ele inventou para ser novamente Presidente da Republica! Eu sei que o meu querido e camarada Sócrates lhe deu umas dicas…mas deu-as como treino para o seu ansiado futuro: vir a ser director de Pinheiro da Cruz. É que – e isto é muito bem visto e melhor pensado – se um dia – agora é que é “lagarto!!! lagarto !!! – se descobrisse que eram os guardas que fechavam os olhos à entrada da droga nas prisões, quem é que poderia ser director de um estabelecimento prisional senão, o melhor primeiro ministro de todos os tempos desde Sebastião José ? E não me venham cá , os 6 milhões de parvos que eu enganei, dizer que a culpa da crise é “deste gajo”( que falta de respeito!) quando todos sabemos que não é. Já se esqueceram dos milhões de euros que vieram da Europa para criar novas empresas e foram gastos em noitadas de strip, stands de automóveis, amantes brasileiras, restaurantes de luxo e ourivesarias? Não esquecendo as viagens ao estrangeiro para reuniões de trabalho com espanholas e russas, em hotéis de cinco estrelas e que duravam cinco garrafas de champanhe por noite. Mas…

Deixemos isto!

Vou é confessar-lhes uma coisa: estou profundamente magoado com a Justiça Portuguesa…Metem-me na prisão só porque eu ajudava as pessoas a conseguirem dinheiro, pelos 25% de comissão que recebia, por dar o número de telefone da Cofidis e aguardar que o empréstimo fosse feito. Se eu tivesse mesmo jeito para o negócio devia ter escolhido a carreira política. Aí não há nem dinheiros nem comissões (comissões há… mas são outras). Está bem… enganam-se 6 milhões de pessoas. Mas por isso, até agora, ninguém foi preso. E se alguma vez for as salas de xutos espera-os. As de xutos e de pontapés.

Sou uma vaca.

kirapintor
Enviado por kirapintor em 14/05/2007
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