POESIA DA OCEANIA
MATUTO DO OUTRO LADO DO MUNDO
Desconfiei da aventura
Quando entrei no asa dura
Afinal ir pelos ares
Num prédio de dois andares
Senti que a coisa era séria
E não seria pilhéria
A travessia dos mares
Voando à frente do rei
Vimos a noite dobrar
Juro nunca imaginei
Que poderia empatar
O glorioso arrebol
Chegar primeiro que o sol
E a tal carreira ganhar
Azuretado e confuso
Encasquetado com o fuso
Descemos na Oceania
Mas nem de longe eu sabia
Que o galo do meu juízo
Acusava o prejuízo
Cantando de noite e de dia
Virar zumbi na Austrália
Não constava do meu plano
Conhecer a nova Gália
Que sonhava há mais de ano
Os carros na contra-mão
Aumentou-me a confusão
Cheguei próximo ao desengano
Pra completar meu suplício
Por sugestão da consorte
Pensando em meu benefício
Pois conduzir é meu forte
Me puseram a dirigir
Pra assim melhor me sentir
E recuperar o norte
Por fim curtir a beleza
As dádivas da natureza
Na terra do masurpial
Dormindo pouquinho e mal
E depois voltar correndo
Pra ver o escrete sofrendo
Vencer o tempo afinal
Registro agora em cordel
Fazendo as pazes com o galo
A cabeça em carrossel
Pois jetilegue é meu calo
O pensamento ainda roto
Do tempo em que fui canhoto
E agora aqui quis narrá-lo