POESIA DA OCEANIA

MATUTO DO OUTRO LADO DO MUNDO

Desconfiei da aventura

Quando entrei no asa dura

Afinal ir pelos ares

Num prédio de dois andares

Senti que a coisa era séria

E não seria pilhéria

A travessia dos mares

Voando à frente do rei

Vimos a noite dobrar

Juro nunca imaginei

Que poderia empatar

O glorioso arrebol

Chegar primeiro que o sol

E a tal carreira ganhar

Azuretado e confuso

Encasquetado com o fuso

Descemos na Oceania

Mas nem de longe eu sabia

Que o galo do meu juízo

Acusava o prejuízo

Cantando de noite e de dia

Virar zumbi na Austrália

Não constava do meu plano

Conhecer a nova Gália

Que sonhava há mais de ano

Os carros na contra-mão

Aumentou-me a confusão

Cheguei próximo ao desengano

Pra completar meu suplício

Por sugestão da consorte

Pensando em meu benefício

Pois conduzir é meu forte

Me puseram a dirigir

Pra assim melhor me sentir

E recuperar o norte

Por fim curtir a beleza

As dádivas da natureza

Na terra do masurpial

Dormindo pouquinho e mal

E depois voltar correndo

Pra ver o escrete sofrendo

Vencer o tempo afinal

Registro agora em cordel

Fazendo as pazes com o galo

A cabeça em carrossel

Pois jetilegue é meu calo

O pensamento ainda roto

Do tempo em que fui canhoto

E agora aqui quis narrá-lo

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 02/07/2014
Reeditado em 02/07/2014
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