PEDAÇO DE MAU CAMINHO
LITERATURA DE CORDEL:
PEDAÇO DE MAU CAMINHO
Quando você tentou tirar meu juízo
Pedindo um pedaço do meu coração,
Querendo emprestada a minha razão,
Eu deixei para você como um aviso,
Nas minhas palavras eu fui conciso,
Que acho melhor ficar bem sozinho,
Sem teu coração, sem teu carinho,
Do que eu ficar chorando nos cantos,
Eu sei que tu és um grande encanto,
Mas és um pedaço de mau caminho.
A tua beleza tem muitos espinhos,
Por isso eu desejo me distanciar,
Tendo cuidado para não me furar e
Não me iludir com teu jeito meiguinho,
Pois és um pedaço de mau caminho
Que quer acabar com meu coração,
Que não mais aceita a minha razão,
Querendo agora um beijo e um abraço,
Tentando tirar de mim um pedaço
Para alimentar a tua grande paixão.
Pois quero que preste bastante atenção,
O vento é a prova do que eu vou falar,
Pois tu me deixas com falta de ar,
Conseguindo parar o meu coração,
Deixando eu preso na tua prisão,
Sem força alguma para ir embora,
Querendo escapar em todas as horas,
Deixando você bem longe de mim,
Eu acho que vai ser o meu último fim
Com esta doença que não tem melhora.
Mas quero mudar, eu quero agora,
Eu quero pensar que estou dormindo,
Mas quero falar que estou fingindo
Ou não tudo vai ser mais uma piora,
E meu coração vai ficar na penhora
E eu não vou mais ter como pagar,
E meu coração eu vou ter que entregar,
A ti, que é um pedaço de mau caminho
Que faz me esquecer dos passarinhos
Dos sonhos que eu tinha na beira do mar.
Pois fique sabendo que não vou te amar
E nem vou fingir que eu quero você,
Na verdade já aceitei em te esquecer,
Pois quero fugir para outro lugar
E meu coração eu não vou enganar
Só para atender o teu grande desejo,
Não quero pegar somente sobejo
Que só faz sangrar o meu coração,
Que não mais domina a sua emoção,
Querendo então me afogar em seu beijo.
Quero dizer que não tenho mais medo
De me expressar e fazer o que quero
Porque na vida eu não mais espero
Por um amor que não o mais vejo,
No meu coração não existe segredo,
Ele estar escancarado para quem vier,
Ele bate feito louco para quem quiser,
Mas para você é bem devagarinho,
Pois tu és um pedaço de mau caminho
Que na minha vida não sabe o que quer.
Você nunca me amou, aí eu dei fé
Das coisas que antes não tinha notado,
O meu coração ficou revoltado
Correndo apressado contra a maré,
Levando uma flechada perto do pé
Depois de falar que não mais te ama,
Fazendo as lágrimas virarem lama
No chão seco e esburacado de dor,
Transformando o frio em puro calor,
Clamando a morte que não mais reclama.
Deixando eu tonto em cima da cama
Com rosto de lado me pus a pensar
Dos beijos e abraços em pleno luar
E aquele seu corpo pegando em chama,
Querendo sexo e dizendo que me ama,
Fazendo-me pensar que era um anjinho,
Mas era um pedaço de mau caminho
Que queria acabar com minha alegria,
Fazendo-me esquecer das poesias
Que eu escrevia com muito carinho.
Não quero pensar em seu jeito mesquinho
De querer me amar e falar que me quer,
Que sou o adoçante do seu doce café
Em uma bela taça do seu ótimo vinho, tu
Queres me iludir com seu jeito meiguinho,
Pedindo as flores para eclipsarem o luar,
Iluminando o sol com o brilho do olhar
Para acender então o êxtase da paixão
Que faz enlouquecer o meu pobre coração
Que neste momento não para de pular.
Mas não quero pensar que vou te amar,
Já perdi a consciência do que vou fazer,
Não fiz outra coisa, senão a escrever
Que os sentimentos são para recordar,
Pois o mais difícil na vida é perdoar
Alguém que você tanto na vida amou;
O vento que até então soprava, parou!
Para observar um louco no meio da rua
Que chorava olhando pros raios da lua,
Pedindo perdão a quem nunca perdoou.
A bela música da rádio agora acabou,
Mas o passarinho não parou de cantar,
O bêbado da rua não parou de xingar,
Mas a brisa do mar nunca mais voltou.
Agora o passarinho abriu asas e voou,
Deixando saudade e muita lembrança,
Fazendo-me crê que existe esperança
Para um amor que não tem mais jeito,
Forçando uma dor que estava no peito,
Deixando-me de lado a doce vingança.
Pois quero fazer uma nova aliança
Com um coração transbordado de dor
Que na verdade foi o meu único amor,
Que gosta de mim e me dar segurança,
Que guardamos até hoje como herança
Uma amizade cheia de muito carinho;
Eu sei que toda flor tem muito espinho,
Mas é só ter cuidado para não se furar,
Quem ama de verdade precisa cuidar
De todo o seu pedaço de mau caminho.
Autor: Claudson Faustino