O NORDESTE BRASILEIRO

Nordeste sempre sofrido

Esquecido, desprezado

Que devido a grandes secas

Se encontra abandonado

As roças nada produzem

Os rebanhos se reduzem

Não tem porco no chiqueiro

É grande a calamidade

Que atine a humanidade

Do Nordeste Brasileiro.

Falta alimentação

Para o povo e para o gado

Falta água pra beber

Nada produz o roçado

Falta auxílio da Nação

Falta água, falta pão,

Lavoura no tabuleiro

Sem exceção de ninguém

Tudo falta, nada vem

Pra o Nordeste Brasileiro.

Falta socorro pra o povo

Por parte dos potentados

Desde o poder federal

A Municípios e Estados

Faltam serviços de estradas

As obras todas paradas

Dizem que falta dinheiro.

Capoeiras nos roçados

Não há poços perfurados

No Nordeste Brasileiro.

Já houveram suicídios

Como fomos informados

Por força do desespero

De alguns dos desgraçados

Tudo surge na tristeza

Silenciam suas altezas

Em relação ao roceiro

E a seca se mantém

Dos poderes nada vem

Pra o Nordeste Brasileiro.

Choram crianças com sede

Choram pais amargurados

Assistindo o desespero

Dos seus filhinhos amados

Família na precisão

E o dinheiro da Nação

Só serve para banqueiro

Não existe providência

Continua a decadência

Do Nordeste Brasileiro.

Os dias formando meses

De trinta em trinta contados

Começa o ano em janeiro

Em dezembro está findado

Do princípio ao fim do ano

O sofrimento é insano

E o mundo politiqueiro

Atravessa de avião

Sem ver a situação

Do Nordeste Brasileiro.

Levam os tais de projetos

No Congresso e no Senado

Em favor do nordestino

Porém ficam engavetados

Nada de realidade

Resta a calamidade

No meio do povo ordeiro

Que a esperança perdeu

E fala: «Deus esqueceu

Do Nordeste Brasileiro.

E se os poderes produzem

Nos tornando amparados

Com recursos para as obras

Em todos nossos Estados

Ou o dinheiro não deu

Ou a verba se perdeu

Ou desviaram o dinheiro

Nada operam, nada vem,

E o sofrer se mantém

No Nordeste Brasileiro.

O povo sem ter saída

Deixa o sertão desprezado

Vai tentar sobrevivência

Em busca de outro Estado

Pobre gente nordestina,

Quanto é grande a sua sina

Vagando sem paradeiro

Seriamente amargurado

Vendo tudo liquidado

No Nordeste Brasileiro.

Nosso Nordeste esquecido

Por conta de diretriz

Ver sua matéria prima

Seguir pra o Sul do país

A preço bem rebaixado

De lá sai valorizado

Pra servir ao estrangeiro

Que se esbalda indiferente

Ao sofrer do penitente

No Nordeste Brasileiro.

O que fabricam no Sul

Pra o Nordeste é importado

A matéria-prima é nossa

No Sul tudo é fabricado

Sempre o Nordeste atual

De caipirismo fatal

E escasso de dinheiro

No Sul dinheiro sobrando

E eles discriminando

O Nordeste Brasileiro.

Revistas com reportagens

Governantes estampados

Os banquetes e discursos

Nas capitais dos Estados

E o nordestino a sofrer

Sem ter o que devia ter

Por acinte desordeiro

Se há dinheiro saneado

Fica para os potentados

Do Nordeste Brasileiro.

Prefeitos recebem verbas

Que a eles são confiados

Quando o prefeito é honesto

Os milhões são aplicados

Quando é um indecente

Fica pra ele somente

E um ou outro companheiro

E cada dia que passa

Mais se avoluma a desgraça

No Nordeste Brasileiro.

O comércio a sofrer

Praticamente parado

Dado a falta de recurso

Pra esse povo arrasado

O comércio de açudagem

Faz uma ou outra barragem

Só pra grande fazendeiro

Por falta de construções

Falta água às regiões

Do Nordeste Brasileiro.

As estradas de rodagem

Muito poucas nos Estados

São feitas de puro barro

Pouco cascalho aplicado

Com o Sol a pedra se espalha

E basta dar uma enxurrada

Se transforma em atoleiro

No final é sempre assim

Tudo é mal feito e ruim

No Nordeste Brasileiro.

Sobre os ensinamentos

Por todos nossos Estados

É caso triste, bem triste,

Nem é bom ser relatado

Já não existe instrução

A falta de educação

Atinge o Brasil inteiro

Tudo é no rola ou enrola

E é só «funk» nas escolas

Do Nordeste Brasileiro.

Quando surgem as enchentes

Em tempos determinados

Fica o pobre nordestino

Completamente arrasado

Se amparo vem, não lhe vem,

Perde-se tudo que tem

Por causa do lamaceiro

Até parece maldade

Com tanta calamidade

No Nordeste Brasileiro.

Nossas estradas de ferro

Já é fato consumado

Só nos resta agora algumas

De muitos anos passados

Nada mais realizaram

Onde parou já ficaram

Desperdício de dinheiro

Como outras obras paradas

Com verbas desperdiçadas

No Nordeste Brasileiro.

Assim continua a luta

De labor desesperado

Sofre o agricultor

Sofre o criador de gado

Sofre o comerciante

Tendo ajuda a todo instante

Do mundo politiqueiro

Que está sempre alienando

Com falcatruas comprando

O Nordeste Brasileiro.

Pobre Nordeste da gente

Quase sempre desprezado

Nordestino é sem valor

Nordeste é discriminado

Com as secas permanentes

E a carestia insistente

Tá virando um pardieiro

O custo de vida altera

Aumentando a miséria

No Nordeste Brasileiro.

Feijão de cinco reais

Aqui no nosso mercado

E por dezesseis reais

A carne fresca de gado

De bode é um Deus nos acuda

Se não tiver quem ajuda

Pobre vai pro estaleiro

Que a família mal nutrida

Vive fraca, não tem vida

No Nordeste Brasileiro.

Quanto ao preço dos tecidos

Como também dos calçados

Inclusive o de remédios

Deixemos isto de lado

Pois em tudo esta Nação

Passa grande privação

Pra servir ao estrangeiro

No Brasil tudo se apronta

Mas quem sempre paga a conta

É o Nordeste Brasileiro.

Nós vivemos mal vestidos

Também muito mal calçados

Temos uma vida curta

Somos mal alimentados

Vive mais o povo nobre

Morre cedo o povo pobre

É sofrer o ano inteiro

Se houvesse irrigação

Mudaria a situação

Do Nordeste Brasileiro.

Quando chega o Natal

Pobre se sente abalado

Por não poder dar presentes

Aos filhinhos adorados

O filho insiste implorando

O pai lhe nega chorando

É grande o seu desespero

Pra pobreza é um engano

As festas de fim de ano

No Nordeste Brasileiro.

às vezes fico pensando

Não sei se estou errado

Se o Nordeste é Brasil

Ou se estou enganado

Do modo que sempre vemos

Tudo no Sul, nada temos

Só político trambiqueiro

O Sul vive no progresso

E só sobra retrocesso

Pra o Nordeste Brasileiro.

Temos no Nordeste os rios

Que banham nossos Estados

Também os seus afluentes

Que seriam aproveitados

Não surge realização

Do poderes da Nação

Pra irrigar os tabuleiros

E a rotina é sempre essa

De pura e simples promessa

No Nordeste Brasileiro.

Prometem os candidatos

Para a Câmara e o Senado

Prometem os governantes

Por todos nossos Estados

Mas só nos chega o tormento

Só aumenta o sofrimento

Por causa de interesseiro

Que não cumprem com ninguém

Nada fazem, nada vem

Pra o Nordeste Brasileiro.

As promessas sempre surgem

Mas não surgem resultados

Elas vem nas eleições

Feitas ao eleitorado

Nada cumprem com ninguém

Nada fazem, nada vem

É só fogo eleitoreiro

E seguem anos corridos

Com o eleitor iludido

No Nordeste Brasileiro.

Não façam isso, senhores,

Com os vossos governados

Amparem as nossas causas

Também de nossos Estados

Nos tratando por igual

Em âmbito nacional

Juro, serei o primeiro

A gritar com voz altiva

Viva a política altiva

Do Nordeste Brasileiro!

Limoeiro de Anadía-AL, 09/04/2014

José Lacerda

Zé Lacerda
Enviado por Zé Lacerda em 01/07/2014
Reeditado em 29/07/2014
Código do texto: T4865573
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